Reavivamento de memórias: o papel do documentário ‘Boate kiss:a tragédia de Santa Maria’ na retomada da memória coletiva
Resumo
O incêndio ocorrido no dia 27 de janeiro de 2013 na Boate Kiss deixou uma marca permanente na história dos mais de 600 sobreviventes e dos familiares e amigos das 242 vítimas fatais, do que ficou conhecido como a tragédia de Santa Maria. Ao completar dez anos de busca por justiça e pela manutenção da memória por parte dos coletivos criados, o caso Kiss volta a ser uma das principais pautas nas redes sociais digitais, após o lançamento de duas produções audiovisuais, em especial o documentário “Boate Kiss: A tragédia de Santa Maria” (GLOBOPLAY, 2023). Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo compreender o papel do documentário na retomada da memória coletiva. Para isso, foi abordado o problema: De que modo o documentário ‘Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria’ atuou no reavivamento da memória coletiva? Para que essa a pergunta fosse respondida, estruturou-se uma associação de técnicas metodológicas: Pesquisa bibliográfica (MACEDO, 1995) para seleção e organização dos conceitos necessários para movimentação do estudo; Pesquisa documental (KRIPKA et al., 2015), que foi utilizada como ferramenta na busca por documentos relacionados ao caso Kiss no site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, e para o mapeamento de matérias e reportagens sobre o documentário que circularam nos portais de comunicação online de Santa Maria entre os dias 18/01/2023 e 02/02/2023; Pesquisa encoberta e não participativa (JOHNSON, 2010), que permitiu a identificação de percepções de usuários diante de 8 publicações que somadas apresentaram 72 comentários sobre o documentário no Instagram (sendo considerado o mesmo período de análise); e entrevistas em profundidade semi-estruturadas (DUARTE, 2005) com sobreviventes, amigos e familiares de vítimas, além do Jornalista Marcelo Canellas, Diretor do documentário ‘Boate Kiss: A tragédia de Santa Maria’ e o atual presidente da Associação dos familiares de vítimas e sobreviventes da tragédia de Santa Maria Gabriel Rovadoschi Barros. A partir dos relatos apresentados pelos entrevistados e em conjunto com as demais análises, tornou-se possível compreender como o documentário atuou como dispositivo de reavivamento de memória, uma vez que transcende o âmbito informativo ao alcançar uma esfera emocional entre os espectadores e atores diretamente envolvidos ao evento. Desempenhando um papel crucial na retomada de narrativas da tragédia, estimulou reflexões sobre o caso na mídia e em outros espaços da ambiência da internet. Contudo, a ambiguidade que cerca a memória coletiva com o passar do tempo pode distanciar as emoções e a atenção diante do caso, deste modo posicionando a produção como instrumento de circulação da memória, cabendo a outras ferramentas a edificação da mesma.
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