O desvio do preço dos exchange-traded funds brasileiros: uma análise baseada na correlação local
Resumo
Os Exchanged Traded Funds (ETFs) se tornaram um veículo de investimentos amplamente difundido, com características únicas que não foram ainda suficientemente estudadas, especialmente quando se trata de ETFs de mercados emergentes. Além disso, modelos de precificação consolidados não são suficientes para analisar a dinâmica de um tipo de fundo que adiciona uma nova dimensão em relação aos fundos de investimento tradicionais: a variação do preço das quotas, negociadas em bolsa de valores. Assim, os ETFs apresentam cotas precificadas pela oferta e demanda, podendo apresentar consideráveis discrepâncias em relação ao seu valor patrimonial, denominado Net Asset Value (NAV). A diferença entre o preço da quota e seu valor patrimonial (ou seus retornos) é denominada pela emergente literatura acerca do tema de desvio de preço, embora ainda existam discrepâncias acerca da sua denominação e conceituação. Alguns estudos como o de Berk e Stanton (2007) apontam que os retornos das cotas podem ser explicados parcialmente por sua própria persistência. Há indícios também que estariam relacionados com uma reação exagerada do mercado, como verificado por Levy e Lieberman (2013) e Milani e Ceretta (2014b). Visando contribuir com a restrita literatura acerca do tema, este trabalho teve como objetivo geral verificar como as variáveis de modelos tradicionais de precificação de fundos de investimento explicam os retornos de ETFs brasileiros e quais as características da correlação local de seu desvio do preço com o retorno do mercado. Após a estimação dos tradicionais modelos de precificação, verificou-se que o retorno dos ETFs é explicado pelos coeficientes de co-variância, co-curtose e pelo fator SMB. Ainda, foi verificada a relação entre o retorno de suas quotas e a variação de seu valor patrimonial, revelando que o próprio retorno do mercado afeta o desvio de preço. Entre as diversas contribuições, verificou-se que retornos extremos do mercado afetam o retorno dos ETFs em maior proporção; retornos negativos influenciam mais os ETFs do que retornos positivos; há tendência de que os investidores aloquem recursos em ETFs já superavaliados; um ETF específico apresentou performance superior aos demais através de uma exposição maior ao risco sistemático nos momentos de elevação do que nos de queda, além de possivelmente usufruir de ganhos de escala. Os resultados contribuem para a formação da jovem literatura acerca dos ETFs brasileiros, gerando novos questionamentos que poderão ser aproveitados em pesquisas futuras.