Imigrantes venezuelanos e sua inserção no trabalho do agronegócio no Rio Grande do Sul: trabalhadores qualificados, dóceis e de baixo custo?
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Data
2023-11-01Primeiro membro da banca
Marin, Joel Orlando Bevilaqua
Segundo membro da banca
Tedesco, João Carlos
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Na última década, o cenário migratório internacional no Brasil passou por mudanças na quantidade e na origem
dos imigrantes. Atualmente, a grande maioria é originário do Sul Global, especialmente de países latinoamericanos e africanos, onde os venezuelanos são a nacionalidade mais populosa. O relatório anual Observatório
das Migrações Internacionais (OBMigra) referente ao ano de 2021, revela que 1,3 milhões de imigrantes
internacionais moravam em território brasileiro com vistos de residentes ou temporários; esses dados continuam a
subir cada ano, e, ainda mais, se somar também os refugiados e solicitantes de refúgio. As redes migratórias e as
intermediações dos atores envolvidos parecem ter muita influência no fenômeno migratório; além de uma
legislação favorável à entrada e permanência de imigrantes internacionais no Brasil. Por sua vez, o mercado de
trabalho demonstra interesse na inserção dos imigrantes, onde as contratações cresceram significativamente na
última década, principalmente no setor da indústria e dos trabalhadores agropecuários. Nesse cenário, o objetivo
dessa dissertação é analisar como acontece a inserção no espaço social e no mercado de trabalho do agronegócio
de imigrantes internacionais venezuelanos no Rio Grande do Sul. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter
descritivo e documental, com amostragem intencional de um grupo de migrantes venezuelanos no Rio Grande do
Sul. A coleta de dados foi possível mediante entrevistas semiestruturadas, dados de fontes secundárias e revisão
de bibliografia vinculada às categorias de pesquisa abrangidas. Conclui-se que, o Brasil, ainda sem uma política
pública migratória, possui uma rede de instituições formais e informais de atendimento, com forte ação do Estado.
Os atores nessas redes, acionam intermediações que influenciam os fluxos migratórios atuais, e, acabam sendo
fundamentais na inserção no espaço social e no mercado de trabalho formal, além de gerar sentimentos de
esperança e resiliência perante a experiência migratória. Mas, as condições de trabalho que encontram no
agronegócio, encaixam-se na lógica capitalista, que procura mão de obra barata, dócil e flexível, submetidos a
condições precárias, ou tipo 3d jobs/trabalhos 3p (pesados, precários e perigosos): muito esforço físico, longas
jornadas, contratações sazonais, baixos salários; postos de baixa qualificação, tarefas de risco à saúde ou segurança,
somadas a quase inexistência de ações sindicais mediadoras, e nenhum contato com órgãos governamentais. Se
precisam ainda de mais estudos da inserção de imigrantes internacionais como força de trabalho no agronegócio
brasileiro, com recortes por região, setor produtivo, ocupações e nacionalidade.
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