O lugar do jornalismo diante das emergências socioambientais nos discursos de repórteres
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Data
2024-02-20Primeiro membro da banca
Peres, Ana Cláudia Mendes de Andrade e
Segundo membro da banca
Moraes, Cláudia Herte de
Metadata
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Nesta dissertação, analisamos como o sujeito-jornalista que atua na cobertura de pautas
socioambientais emergentes discursiviza a sua prática e a sua profissão. O objeto de estudo
corresponde aos discursos de Eliane Brum, Jonathan Watts, Veronica Goyzueta, Talita
Bedinelli e Carla Jiménez, co-fundadores da plataforma amazônica independente Sumaúma:
Jornalismo do centro do mundo. O gesto de leitura dedicado aos dizeres de tais profissionais é
conduzido pelo acionamento do dispositivo teórico-metodológico da Análise do Discurso
(AD) de linha francesa, em sua vertente Pecheutiana, especialmente com a orientação e a
operacionalização das noções-conceito de sujeito, lugar e resistência. O corpus consiste em
sequências discursivas (SDs) recortadas de publicações com marcas de autorreferencialidade
veiculadas no sítio eletrônico de Sumaúma. A amostra textual, delimitada temporalmente pelo
primeiro ano de atividade da plataforma – de setembro de 2022 a setembro de 2023 –, reúne
15 matérias jornalísticas coletadas das guias intituladas Manifesto e Nossa Voz. Mediante a
leitura analítica, atenta e sucessiva desse material, foram alcançadas 259 SDs, que apontaram
para vinte núcleos de sentido, que nomeamos como capitalismo, guerra, morte e luta;
decolonialidade, território, interseccionalidade e legitimação científica; participação, apoio,
debate, ativismo e democracia; criação, renovação, vida e temporalidade; e identidade,
posicionamento e método. Essas regularidades viabilizaram a identificação, classificação e
nomeação de cinco posições-sujeito: urgência e resistência, mudança de perspectivas, ação
coletiva, criação de futuros e fazer jornalístico. A partir dessas aproximações, identificamos e
nomeamos o lugar social como do jornalismo e o lugar discursivo como de transformação, a
formação discursiva como da transformação e a forma-sujeito como de potencial
transformador. Os resultados desse gesto de leitura, elaborado com base na AD, também
foram interpretados em conjunção com uma ambiência de discussão embasada na abordagem
socioambiental do jornalismo e no pensamento teórico latino-americano, sobretudo em suas
correntes crítico-utópica e decolonial. Com a justificativa de perspectiva de contribuição para
pensar o campo e responder às demandas jornalísticas que despontam em decorrência das
emergências contemporâneas da América Latina, a dissertação soma de forma aprofundada na
discussão sobre o método de reportagem de plataformas independentes e não-hegemônicas
latino-americanas; desvela a resistência desse tipo de iniciativa à estruturas tradicionais no
jornalismo; aponta para as potencialidades do campo na busca por transformação social,
ambiental, econômica e política; e demonstra como a prática jornalística não é apenas uma
atividade institucional, mas também uma expressão da subjetividade de profissionais,
possuindo relação direta com o contexto social e discursivo de determinado espaço e tempo.
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