Mulheres na ciência do solo no Brasil: um recorte histórico acadêmico e profissional
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Data
2024-01-30Primeiro membro da banca
Vezzani, Fabiane Machado
Segundo membro da banca
Anjos, Lúcia Helena Cunha dos
Terceiro membro da banca
Lopes, Maria Margaret
Quarto membro da banca
Heinen, Taciara Zborowski Horst
Metadata
Mostrar registro completoResumo
As ciências agrárias e, especialmente, a ciência do solo têm historicamente apresentado uma composição de gênero fortemente desigual. Essa problemática é ainda exacerbada pela falta de estudos demográficos e de gênero, dificultando tanto a discussão quanto a formulação de ações estratégias para corrigir as inequidades. O principal objetivo desta pesquisa foi documentar e analisar um recorte histórico acadêmico e profissional das mulheres na ciência do solo no Brasil, com foco na sua presença, evolução e reconhecimento ao longo do tempo. Para alcançá-lo, dois objetivos específicos foram estabelecidos: i) realizar um panorama dos estudos de gênero nas ciências agrárias e na ciência do solo e identificar as principais tendências, lacunas e oportunidades de pesquisa; ii) realizar o primeiro levantamento demográfico da ciência do solo brasileira, com foco na composição de gênero ao longo do tempo em diferentes níveis acadêmicos e profissionais, assim como no reconhecimento entre pares. Nesta tese, dois estudos cobrem cada um dos objetivos. O Estudo I apresentou uma revisão bibliométrica e bibliográfica dos estudos de gênero publicados nas ciências agrárias e do solo, utilizando as bases de dados do Web of Science e Scopus (1975-2022). Parte da literatura foi sintetizada e discutida a partir do contexto histórico e contemporâneo. Foram identificadas a distribuição geográfica das publicações, principais periódicos, tendências e lacunas de pesquisa. O Estudo II abrangeu métricas de discentes e docentes de todos os programas brasileiros de pós-graduação (PPG’s) (2004-2021); e de membros, representantes e prêmios da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) (1947-2023). Os resultados do Estudo I revelaram que 50% das publicações (n = 50) foram realizadas após 2016. Foram encontradas poucas publicações de gênero na ciência do solo, com visibilidade limitada e concentração em periódicos específicos, como edições especiais ao tema. Há uma lacuna importante em análises de abrangência nacional, interseccionais e avaliações de políticas de equidade. Os resultados do Estudo II mostraram que, em 2021, a paridade de gênero nas matrículas no doutorado foi alcançada e as mulheres de 25 a 29 anos passaram a ser a maioria discente. A presença das mulheres na docência ainda é baixa (19% em 2021) e há maior representação na biologia do solo. O corpo docente mostra uma tendência ao envelhecimento, especialmente entre os homens, indicando potencial onda de aposentadorias nos próximos anos. A SBCS é composta principalmente de docentes homens e as mulheres representam apenas 30% das afiliações. Há um declínio acentuado no número geral de afiliados nos últimos 10 anos, principalmente entre estudantes. Na SBCS, mulheres são minoria nas posições representativas e menos reconhecidas por meio de prêmios. O cenário atual da ciência do solo brasileira reflete barreiras sistêmicas e culturais mais amplas, sublinhando a necessidade urgente da implementação de ações estratégias nos níveis individual, coletivo e institucional para a correção das inequidades. Ao destacar o impacto positivo da equidade, diversidade e inclusão, esta tese visa contribuir para a evolução e inovação do conhecimento na ciência do solo, preenchendo uma lacuna importante na literatura existente.
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