Semeando práticas: a rede que performa a prática ecológica
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Data
2024-05-24Primeiro membro da banca
Antonello, Claudia Simone
Segundo membro da banca
Silva, Minelle Enéas da
Terceiro membro da banca
Fontoura, Yuna Souza dos Reis da
Quarto membro da banca
Trevisan, Marcelo
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Dentre os espaços alternativos que se formam no cotidiano da cidade, destaca-se aqueles amparados por pressupostos que confrontam o status quo do modo de vida globalizado, revelando novas maneiras de viver e existir, estranhos à lógica industrial de produzir, distribuir e comercializar, relacionadas ao mundo dos negócios. Neste escopo, formas de organizar que parecem perder seu significado dentro da lógica de mercado, como iniciativas ligadas a ecologia, representam uma alternativa de sobrevivência para grupos que se encontram às margens dos padrões de vida e consumo seguidos pela sociedade capitalista. Tais iniciativas figuram enquanto uma forma de reconhecer e resgatar formas de organizar que por vezes são invisibilizados pela construção moderna e ocidental do pensamento. Ao conceber a ecologia como prática social, esta tese se apoia na TAR e Depois como pressuposto teórico-metodológico, colocando o foco nos processos de organizar (organizing) que produzem ordenamentos locais e, em coletivo, formam a realidade social. A tese defendida é de que “a prática ecológica, enquanto produz, reproduz e transforma a realidade, tece uma rede de movimentos, associações, fazeres e saberes enactados por um processo de tornar-se”. Partindo desse entendimento, tem-se como objetivo compreender como a prática ecológica é construída, mantida e transformada através das associações entre atores heterogêneos em uma rede. Para compreender a ecologia como prática, é preciso revelar a ampla rede sociotécnica, ponto em que a Teoria Ator-Rede (TAR) e Depois como perspectiva teórico metodológica, sob um viés político e performativo, pressupõem que os dados sejam obtidos na interação entre sujeito e objeto, ambos constituídos e reconstituídos ao curso do processo de investigação. Neste sentido, faz-se uso da TAR e Depois como método para conduzir o percurso de pesquisa. As hinterlands (LAW, 2004) são adotadas como técnica de análise que possibilita evidenciar o complexo de relações que tornam visíveis parte do fluxo da rede que performam a prática ecológica. Os achados apontam que a a prática ecológica é performada pela rede agroecológica, produzida nas relações de agricultores, cooperativas, feiras ecológicas, ONGs e movimentos sociais em associação com atores heterogêneos. A prática ecológica enquanto um tornar-se figura como uma ideologia, um estilo de vida, um consumindo e produzindo e na relação política entre sociedade e a natureza. Enquanto a rede agroecológica como um fazer possibilita as condições para que a prática seja produzida, reproduzida e transformada nas associações e rupturas que enactam os atores e práticas, permitindo uma continua restauração das relações forjadas entre estes. A ecologia como um tornar-se e a agroecologia enquanto um fazer, estão conectadas e entrelaçadas por relações que determinam e condicionam uma à outra, existindo uma através da outra. A rede agroecológica representa a jornada sobre a borda, o caminho explorado que não pode ser medido pelos padrões tradicionais, porque é no próprio processo de performar a prática ecológica que os atores em relação se associam e desassociam-se. Os achados representam um passo preliminar para responder a questões sociais e econômicas mais amplas, com vistas a instigar iniciativas locais de produção, comercialização e relacionamento com alimentos saudáveis.
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