Dinâmica espacial, migração e preferência de micro-hábitat de Aegla longirostri bond-buckup e buckup, 1994 (crustacea, anomura, aeglidae)
Resumo
A compreensão dos processos de dinâmica populacional é fundamental para se avaliar a viabilidade (saúde) de uma população. Grande parte desses processos estão estreitamente relacionados com a densidade de organismos da população estudada. Estes dados podem revelar como a população está distribuída no ambiente e, em condições de adversidade ambiental, é possível prever a ocorrência de dispersão/migração. Neste estudo, alicerçado nos fatores ecológicos e biológicos do aeglídeo Aegla longirostri foram investigados: (i) estimativa da densidade populacional, (ii) as preferências de substrato, (iii) a área de vida e (iv) os possíveis padrões de dispersão. Este estudo foi conduzido em um riacho de primeira ordem, Sanga dos Caranguejos, que se localiza na região central do Rio Grande do Sul, durante os anos de 2010 e 2011. Nas investigações sobre densidade populacional e dispersão foram utilizados coletores do tipo covo espaçados pelo riacho, em diferentes estações climáticas do ano. A investigação de preferência de substrato foi conduzida com o uso de calhas de PVC cobertas por malha e dispostas no riacho para o experimento em condições de densidade controlada, e com surber, para busca ativa no riacho. A análise de área de vida foi realizada com a utilização da técnica de rádio telemetria. A população em questão foi estimada em 950 indivíduos na primavera e 210 indivíduos no outono (estimativas segundo o Método Bayesiano). Com relação à preferência de substrato, verificamos que há associação ontogenética quanto à escolha. Os juvenis, nos primeiros estágios de desenvolvimento, preferem substratos arenosos, enquanto que adultos (machos e fêmeas) preferem substratos mais complexos. Estimou-se também que a área de vida desses eglídeos varia desde 8,41 metros até, aproximadamente, 45,49 metros lineares de riacho, e que estes crustáceos apresentam comportamento de deslocamento local, já que realizam suas atividades em torno de um ponto específico do riacho. Observou-se ainda que os juvenis eglídeos, assim como os adultos, são caminhadores ativos, não sendo carregados pela correnteza de forma passiva como ocorre nas fases larvais de outros crustáceos. Suas atividades estão relacionadas com a temperatura do ambiente e com a densidade de adultos machos no riacho. Acreditamos que muito se avançou em termos de conhecimento da ecologia do grupo como um todo, e não apenas para a espécie estudada, servindo este estudo de base para estudo futuros sobre dispersão e área de vida principalmente.