Aspectos técnico, econômico e ambiental do uso de fontes orgânicas de nutrientes, associadas a sistemas de preparo do solo
Resumo
Os estercos têm sido utilizados como fontes orgânicas de nutrientes em diversas condições edafoclimáticas e seu desempenho nos aspectos técnico, econômico e ambiental são dependentes de suas características e alterados pela forma como o solo é manejado. Muitos estudos foram realizados analisando-os sob aspectos específicos, porém, poucos estudos têm analisado conjuntamente os aspectos técnico, econômico e ambiental. Uma avaliação mais ampla do uso continuado dos estercos como fontes de nutrientes através de ferramentas integradoras, pode contribuir no entendimento de seus efeitos no sistema e embasar a tomada de decisão no uso destas fontes, assegurando o seu uso de forma racional. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar os aspectos técnico, econômico e ambiental do uso de fontes de nutrientes, associadas a sistemas de preparo do solo, comparando as fontes de nutrientes entre si, bem como fazer uma análise conjunta dos três aspectos estudados e testar o modelo de análise utilizado. Para o desenvolvimento do estudo foi utilizado um experimento conduzido por dez anos na Estação Experimental da Epagri de Campos Novos/SC, em um Nitossolo Vermelho. Os tratamentos constituíram-se da combinação de cinco sistemas de preparo (plantio direto; preparo reduzido; preparo convencional; preparo convencional com resíduos queimados e; preparo convencional com resíduos retirados) com cinco fontes de nutrientes (testemunha, sem aplicação de nutrientes (TES); adubação mineral de acordo com a recomendação para cada cultura (AM); 5 Mg ha-1 de matéria úmida de cama de aves (EA); 60 m3 ha-1 de esterco líquido de bovinos (ELB) e; 40 m3 ha-1 de esterco líquido de suínos (ELS). Para avaliação do uso das fontes de nutrientes nos aspectos técnico, econômico, ambiental e no conjunto destes, foi utilizado um modelo com atributos de solo, de planta, econômicos e de opinião pessoal. As saídas deste modelo, para cada fonte de nutriente dentro de cada sistema de preparo do solo, foram figuras triangulares e a área das mesmas com intervalo de confiança a 90% de probabilidade. Os atributos utilizados no aspecto técnico foram pH em água, ISMP, P e K disponíveis, matéria orgânica, alumínio trocável, Ca e Mg trocáveis, macroporosidade, densidade do solo, conteúdo de água disponível, estabilidade de agregados em água, matéria seca das plantas de cobertura de inverno, comprimento e distribuição de raízes de milho em profundidade. No aspecto econômico foram utilizados os custos variáveis, a receita bruta e o custo de uma adubação corretiva mais calagem após nove anos de aplicação das fontes de nutrientes. No aspecto ambiental foram utilizados os atributos Zn e Cu disponíveis, formas lábeis e moderadamente lábeis de P, índice de diversidade da mesofauna do solo e dois questionários de opinião sobre o impacto ambiental do uso dos estercos e dos sistemas de preparo do solo. Verificou-se que as fontes de nutrientes promoveram melhorias na maioria dos aspectos analisados e o desempenho foi diferenciado nos sistemas de preparo. As fontes orgânicas não se diferenciaram quanto ao aspecto técnico após nove anos de uso. Porém, houve diferença no aspecto econômico, onde o EA e o ELS foram os que apresentaram o melhor desempenho. Quanto ao aspecto ambiental, o ELS foi a fonte orgânica que apresentou o pior desempenho. Na análise conjunta dos aspectos, o EA e o ELS foram as fontes de nutrientes que apresentaram o melhor desempenho, superando o ELB. O melhor desempenho geral das fontes de nutrientes ocorreu nos sistemas de preparo conservacionistas e o pior nos sistemas que envolvem maior mobilização do solo e remoção ou queima dos resíduos culturais.