Dinâmica do carbono em latossolo vermelho sob sistemas de preparo de solo e de culturas
Resumo
O estoque de C no solo é conseqüência do balanço entre a saída de C pela emissão de CO2 (devido à atividade de microrganismos heterotróficos) e erosão e, a entrada de C, principalmente pela adição de compostos orgânicos sintetizados no processo de fotossíntese vegetal. Visando avaliar sistemas de preparo do solo e de culturas quanto a entrada de C orgânico pelos resíduos e saída pela evolução de CO2 e sua conseqüência no estoque de C orgânico no solo, foi desenvolvido essa pesquisa em experimento de longa duração (19 anos) sob Latossolo Vermelho distrófico típico. O experimento está situado na Fundação Centro de Experimentação e Pesquisa Fecotrigo (FUNDACEP), Cruz Alta, RS. Neste são conduzidos os preparos de solo convencional (PC) e plantio direto (PD) e, foram selecionados três sistemas comerciais de culturas: monocultura trigo/soja (R0); rotação de inverno aveia/soja/trigo/soja (R1) e, rotação de inverno e verão aveia/soja/aveia+ervilhaca/milho/nabo/trigo/soja (R2),
em cada sistema de preparo do solo. As avaliações foram realizadas nas profundidades de 0-5, 5-10, 10-20 e 20-30 cm. O solo em PD, na média dos sistemas de culturas, apresentou maior teor e estoque de C orgânico e N total e fracionados que
o solo em PC na camada superficial do solo (0-5 cm), enquanto que o solo sob PC apresentou, mais C orgânico e N total particulado (COP e NTP) na camada de 5-10 cm. O solo em PD apresentou 1,6% mais COT do que o solo sob PC, na camada de 0-30 cm, na média dos sistemas de culturas, pelo cálculo da camada equivalente. No método de cálculo da massa equivalente esta diferença aumentou para 4,5%. A
rotação culturas R2 associada ao PD (PD R2) apresentou mais COAM, COT, NTAM e NT que os demais tratamentos, na camada de 0-30 cm. A recuperação do estoque de matéria orgânica do solo foi mais influenciada pelo sistema de rotação de culturas, que incluíram espécies de alto aporte de resíduos orgânicos, do que pelo sistema de preparo de solo. Este comportamento ocorreu devido às diferenças de aporte de
resíduos vegetais. As culturas em PD, em média, forneceram apenas 14% mais C ao solo, do que as sob PC, mas quando associado à rotação de culturas R2 com PD (PD R2) esta diferença aumentou para 68% quando comparado a monocultura em PC (PC R0). A perda de C-CO2, avaliada pela evolução de CO2, foi similar entre os tratamentos (sistemas de preparo do solo e culturas), sendo influenciadas principalmente pela temperatura e umidade do solo.