Biota do solo em pastagem sob aplicação sucessiva de dejetos de suínos
Resumo
O uso sucessivo de dejetos de suínos como fertilizante do solo em áreas de pastagem é uma prática comum na região sul do Brasil. Embora existam benefícios econômicos da reutilização dos dejetos, esta prática apresenta sérios riscos ambientais e pode causar alterações na composição e na atividade dos organismos do solo. Os organismos edáficos e os indicadores microbiológicos de qualidade do solo são bastante sensíveis e permitem o monitoramento das condições do ambiente edáfico. Este trabalho teve por objetivo estudar o efeito da aplicação sucessiva de dejetos de suínos em áreas de pastagem sobre a composição, atividade biológica e a qualidade microbiológica do solo. O estudo foi realizado em Três Passos/RS, em duas épocas de coleta (inverno e primavera), em áreas com uso de dejetos suínos há 2 anos (A2), há 14 anos (A14) e mata nativa (MN). Em todas as áreas foram analisadas a composição dos organismos do solo através do uso do PROVID e do TSBF, a atividade biológica, com o uso de litter bags e do ensaio lâmina bait e a qualidade microbiológica do solo a partir da determinação do teor de C na biomassa microbiana, respiração microbiana do solo, quociente metabólico (qCO2) e atividade das enzimas β Glicosidase, urease e Hidrólise do Diacetato de Fluoresceína (FDA). O uso sucessivo de dejetos de suínos no solo alterou as características biológicas, de acordo com o tempo de aplicação do mesmo; influencia a composição e a diversidade da fauna edáfica, aumentando o número total de indivíduos, principalmente de colêmbolos; a atividade da biota do solo é influenciada pela época de coleta das análises e pela profundidade, sendo maior especialmente até os 6 cm do solo; o uso sucessivo de dejetos de suínos em pastagem não influencia o carbono da biomassa, a respiração microbiana e o quociente metabólico do solo permitindo a manutenção dos níveis de qualidade microbiológica do solo em relação à mata nativa; a atividade enzimática do solo foi influenciada pelo uso de dejetos de suínos, sendo que a urease e a Hidrólise do Diacetato de Fluoresceína (FDA) foram sensíveis na detecção de diferenças na atividade dos microrganismos dos solos com uso de dejetos de suínos enquanto que a enzima β-Glicosidase não permitiu a diferenciação entre as áreas estudadas.