Aquisição do vocabulário e da fonologia do português brasileiro
Fecha
2015-02-25Metadatos
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Esta pesquisa objetivou analisar o comportamento da fonologia e do vocabulário em crianças com desenvolvimento típico de linguagem, verificando as correlações existentes entre esses componentes. Participaram do estudo 186 crianças com desenvolvimento típico de linguagem e idades entre 1:6 e 5:11;29, falantes do Português Brasileiro. As coletas de dados envolveram avaliações fonoaudiológicas e gravação da fala espontânea. Analisou-se a fonologia quanto ao número de consoantes adquiridas no sistema fonológico geral, em cada estrutura silábica, nos níveis do Modelo Implicacional de Complexidade de Traços (MICT) e nas classes fonêmicas. O vocabulário foi analisado quanto ao número de tipos, ocorrências e classes gramaticais produzidos. Esses dados foram comparados estatisticamente entre as faixas etárias. Após, calcularam-se as correlações entre os tipos produzidos e as variáveis estabelecidas para a fonologia e entre classes fonêmicas e classes gramaticais em cada faixa etária, verificando-se também a significância da correlação. Verificou-se predominância de substantivos e verbos em todas as faixas etárias e todas as classes gramaticais dos itens lexicais aumentam a produção com o avanço da idade, exceto interjeições e onomatopeias. Os tipos produzidos, de modo geral, também apresentam progressão com a idade. A aquisição fonológica foi semelhante a outras pesquisas brasileiras, sendo as plosivas e nasais adquiridas primeiro, seguidas das fricativas e líquidas. Houve diferentes correlações positivas entre os tipos de palavras produzidos e as consoantes, estruturas silábicas e níveis do MICT, com apenas uma correlação negativa, referente à produção dos tipos com o onset complexo na última faixa etária analisada. Quanto às correlações entre as classes fonêmicas e gramaticais, houve mais correlações positivas, que se concentraram nas faixas etárias iniciais. A maioria das correlações negativas concentraram-se nas faixas etárias intermediárias. As consoantes nasais não se correlacionam com as classes gramaticais, e para as plosivas, as correlações foram todas positivas. As fricativas foram as consoantes que apresentaram mais correlações significantes com diferentes classes gramaticais. Houve poucas correlações significativas entre as classes gramaticais e as consoantes líquidas, sendo a maioria negativa. Conclui-se que a aquisição fonológica do Português Brasileiro inicia com as plosivas e nasais, sendo as fricativas e líquidas mais marcadas. O sistema fonológico apresenta crescimento gradual com poucas regressões. A aquisição do vocabulário, de modo geral, ocorre como um processo crescente. Os substantivos e verbos são predominantes e constituem-se nos primeiros itens produzidos pelas crianças. Os elementos mais relacionados à sintaxe, como as conjunções, por exemplo, são adquiridos mais tardiamente e tem evolução mais lenta. Todas as classes gramaticais tendem a ser mais produzidas conforme a idade, exceto onomatopeias e interjeições. Quanto às correlações entre vocabulário e fonologia, a maioria foi positiva, indicando que esses sistemas são interdependentes. As correlações negativas foram relacionadas à estrutura silábica do onset complexo e às classes gramaticais e fonêmicas mais complexas, o que aponta para a influência da complexidade fonológica e da sintaxe na aquisição do vocabulário.