Influência da dor muscular experimental sobre a função mastigatória: análise cinemática e eletromiográfica
Fecha
2015-12-14Metadatos
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Esta tese teve como objetivo investigar os efeitos da dor induzida experimentalmente no músculo masseter sobre os movimentos e a atividade eletromiográfica crânio-cervical e mandibular durante a mastigação em indivíduos saudáveis. Foram analisadas variáveis cinemáticas relacionadas: (1) à sequência mastigatória (duração, número de ciclos e frequência mastigatória); (2) ao ciclo mastigatório: duração das fases de abertura, fechamento e fase oclusal; amplitude máxima de movimento e velocidade vertical, médio-lateral, anteroposterior e tridimensional da mandíbula durante as fases de abertura e fechamento; amplitude máxima de deslocamento e velocidade tridimensional crânio-cervical durante as fases de abertura e fechamento mandibular; máxima variação do ângulo de flexo-extensão cervical durante a mastigação; relação entre os movimentos mandibulares e crânio-cervicais tridimensionais. As variáveis eletromiográficas analisadas, durante o ciclo mastigatório, foram: duração do tempo inativo e ativo dos músculos masseteres dos lados de trabalho e balanceio; amplitude de ativação muscular (AAM) dos músculos masseter e esternocleidomastóideo (ECM), durante os períodos ativo e inativo; simetria de ativação dos músculos masseter e ECM; coativação e correlação entre a AAM do masseter e ECM dos lados de trabalho e balanceio, durante o período ativo. Participaram do estudo 28 voluntários do sexo masculino, com média de idade de 20,6 anos. Os dados cinemáticos foram obtidos através do Sistema Qualisys e os dados eletromiográficos por meio de sensores sem fio e eletromiógrafo Delsys. Foram realizados registros em mastigação unilateral de uma bala de goma de consistência firme, antes e depois de injeções de solução de glutamato monossódico (substância indutora de dor) e de solução salina isotônica (controle). A ordem e o lado das aplicações foram randomizados e separados por um intervalo mínimo de 45 minutos. Os dados pré e pós procedimentos experimentais foram analisados pelos testes t e Wilcoxon para variáveis dependentes e o coeficiente de correlação de Spearmann foi utilizado para a análise da relação entre variáveis mandibulares e crânio-cervicais. Como resultados, observou-se que a dor ocasionou redução da amplitude de deslocamento médio-lateral durante o fechamento mandibular; redução das velocidades vertical e tridimensional durante a abertura e velocidade médio-lateral durante a abertura e fechamento do ciclo mastigatório; redução da AAM do músculo masseter do lado de trabalho durante o período ativo e aumento da simetria de ativação entre os músculos masseteres dos lados de trabalho e balanceio durante o ciclo mastigatório. Entretanto, nenhum efeito da dor foi observado sobre as variáveis cinemáticas e eletromiográficas crânio-cervicais ou sobre as relações do movimento, AAM ou coativação entre os sistemas mandibular e crânio-cervical. Tamanhos de efeito moderados foram observados para os resultados das variáveis cinemáticas de amplitude e velocidade mandibular médio-lateral e vertical, sugerindo que estas podem ter relevância clínica na avaliação da mastigação na presença de dor aguda. Tamanhos de efeito pequenos foram observados em todos os resultados das variáveis eletromiográficas, limitando sua generalização para indivíduos com DTM. Em conclusão, na presença de dor aguda, as adaptações do sistema estomatognático envolvem principalmente mecanismos locais, influenciando apenas parâmetros cinemáticos e eletromiográficos mandibulares, sem compensações sobre o movimento e atividade eletromiográfica crânio-cervical.