Fonoaudiologia e a gestão da linguagem na área da comunicação suplementar e alternativa: da formação à prática
Resumo
Esta tese teve o objetivo geral de investigar a formação e a atuação do fonoaudiólogo em
Comunicação Suplementar e Alternativa com crianças com encefalopatia crônica não evolutiva e o
padrão conversacional em sessões fonoaudiológicas das díades, bem como desenvolver um
protocolo fonoaudiológico de avaliação conversacional direcionado a essa população. Para isso,
foram desenvolvidos três estudos com distintas metodologias. Todas as fonoaudiólogas do estudo um
apresentaram a iniciativa de suprir a ausência da formação na graduação da disciplina de linguagem
com Comunicação Suplementar e Alternativa de diferentes formas. Em relação à inclusão de
diferentes parceiros conversacionais todos os fonoaudiólogos são favoráveis a esta prática,
entretanto relatam conforme a experiência resistência da família, da escola e de outros terapeutas. O
estudo dois evidencia os meios comunicativos utilizados pelas crianças e interlocutores, a saber:
meios verbal, verbal assistido, gestual, vocal e não verbal assistido com figuras avulsas. Os atos de
fala do interlocutor foram predominantemente os do tipo diretivos e a das crianças deu-se em forma
de pares adjacentes. O protocolo fonoaudiológico de análise conversacional desenvolvido, a partir, do
estudo anterior a versão final deste é composta por 54 itens e é dividida em três partes: (a) meios
comunicativos, atos de falas, manutenção temática e turno de diálogo comuns às díades; (b) atos de
fala da criança, uso do recurso da Comunicação Suplementar Alternativa, manutenção temática e
turno de diálogo e (c) atos de fala do interlocutor. Há necessidade de inserir nos projetos políticos
pedagógicos dos cursos de Fonoaudiologia a previsão de disciplinas teóricas, de observação clínica e
disciplinas práticas com a temática intervenção em linguagem com Comunicação Suplementar e
Alternativa. Os fonoaudiólogos inserem diferentes interlocutores na intervenção com Comunicação
Suplementar Alternativa e guiam-se em princípios linguísticos implícitos ou explícitos, conforme seu
discurso escrito, em referenciais teóricos específicos à área do conhecimento Comunicação
Suplementar e Alternativa, em elementos neuromotores globais e, por fim, em princípios de
funcionalidade e bem-estar geral. Em relação aos meios comunicativos utilizados pelas crianças e
interlocutores foram produzidos os meios oral, oral assistido, gestual, vocal e pictórico, entretanto são
assimétricos no uso, dificultando um sistema comunicativo multimodal. Os atos de fala das crianças
são mais efetivos e funcionais na forma de pares adjacentes (protesto, indagação e solicitações), pois
são mais dependentes linguisticamente dos parceiros conversacional. O protocolo de avaliação
fonoaudiológica da conversação para crianças com encefalopatia crônica não evolutiva e seus
interlocutores desenvolvido no estudo três poderá ser utilizado para avaliar os meios, os atos
comunicativos e os pares adjacentes observados em contexto conversacional, conduzindo o
processo de avaliação fonoaudiológica inicial da linguagem para a introdução, manutenção e
generalização do uso da comunicação Suplementar e alternativa com diferentes interlocutores e
ambientes. Desta forma poderá ter um critério avaliativo mais delineado da competência linguística,
por considerar a linguagem em uso com diferentes interlocutores, favorecendo a criação de
programas que ampliem as habilidades comunicativas e, por consequência, da qualidade de vida das
crianças com encefalopatia crônica não evolutiva e suas famílias.