Quantificação da biomassa e nutrientes em uma floresta estacional decidual em Itaara-RS, Brasil
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Data
2005-09-23Primeiro membro da banca
Trüby, Peter
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O presente trabalho foi realizado em uma fazenda pertencente à Brigada Militar do RS no município de Itaara-RS, Brasil, e teve como principais objetivos: quantificação do estoque de nutrientes no solo; avaliação da deposição de serapilheira, e a deposição de folhas de diferentes espécies arbóreas nativas; quantificação dos nutrientes na serapilheira, e nas folhas das diferentes espécies; quantificação da biomassa acima do solo, e dos nutrientes. Para a coleta das amostras de solo, foram abertas oito trincheiras. Nestas foram coletadas as amostras a cada 10 cm de profundidade, para determinação da densidade do solo e análise química (macronutrientes disponíveis e totais). Para a coleta de serapilheira, foram demarcadas seis parcelas de 25 m x 17 m cada, alocados no interior da floresta. Em cada parcela, foram distribuídos cinco coletores circulares, totalizando assim trinta coletores. As coletas de serapilheira foram realizadas mensalmente, durante um período de 24 meses. No laboratório, o material foi separado nas frações, folhas, galhos finos (< 1 cm) e miscelânea (flores, frutos, sementes e restos vegetais não-identificáveis). Após a separação da serapilheira, as folhas foram separadas em sete espécies arbóreas. Nesse material, foram determinados os teores totais de N, P, K, Ca, Mg, S, Fe e Mn. Para a quantificação da biomassa, as árvores foram separadas nas frações madeira do fuste, casca do fuste, galhos e folhas. A estimativa da biomassa foi obtida pelo uso da equação log y = b0 + b1 . log DAP. Nas amostras da biomassa, foram determinados os teores totais de N, P, K, Ca, Mg e S. Os resultados indicam que o solo da área de estudo pode ser considerado de fertilidade média. Nos 24 meses de coleta de serapilheira, houve grande deposição no início do inverno e primavera. As folhas foram responsáveis por 71,7% da composição da serapilheira, os galhos finos contribuíram com 16,5%, e a miscelânea com a menor proporção de 11,8%. Não houve correlação significativa entre as variáveis climáticas temperatura média e precipitação mensal e a devolução de serapilheira. Grandes quantidades de nutrientes estão armazenados na serapilheira, constituindo uma via importante de devolução de nutrientes para a floresta. A espécie que mais devolveu folhas e nutrientes ao longo dos 24 meses de coleta foi a Parapipdania rigida, estabelecendo-se a seguinte ordem crescente: Parapipdania rigida > Ocotea pulchella > Matayba elaeagnoides > Ocotea puberula > Nectandra megapotamica > Schinus mole > Cupania vernalis. Os maiores teores de N, P e Ca foram encontrados na espécie Parapiptadenia rigida. Os maiores teores de K, Mg e S foram encontrados na espécie Matayba elaeagnoides. A produção total de biomassa acima do solo das árvores foi de 210,0 Mg ha-1, seguindo a ordem de quantidade: galhos > madeira do fuste > casca do fuste > folhas. As folhas foram o componente com os maiores teores de N, P, K, Mg e S; na casca do fuste, está o maior teor de Ca; a madeira do fuste foi o componente que apresentou os menores teores de nutrientes em sua biomassa. Os galhos foi o componente com maior estoque de nutrientes, com mais de 55% do N, P, K, Ca, Mg e S da biomassa acima do solo das árvores. No componente solo, estão os maiores estoques de N, P, K, Ca, Mg e S na floresta estudada. A remoção da madeira do fuste e galhos tem como conseqüência uma exportação elevada de N, P, K, Ca, Mg e S. Com a colheita somente da madeira do fuste, serão removidos para fora do sistema 19, 21, 25, 17, 28 e 29% do N, P, K, Ca, Mg e S respectivamente, ou seja, mais de 70% dos nutrientes permanecem no sítio.