Atividade florestal no contexto da fumicultura: oportunidade de desenvolvimento regional, diversificação, geração de emprego e renda
Resumo
Este trabalho tem como objetivo geral demonstrar que a floresta e a atividade florestal são compatíveis com a estrutura fundiária das pequenas propriedades rurais, constituindo-se em um importante ponto de subsistência, da mesma forma possibilitar uma nova oportunidade de complementação de renda para as famílias rurais, além de se constituir num eixo de desenvolvimento da região de abrangência. O estudo foi desenvolvido na região central do Rio Grande do Sul, cuja economia principal é a fumicultura, abrangendo 13 municípios que compõem a área de atuação do Comitê de Gerenciamento da bacia Hidrográfica do Rio Pardo. A população da área de estudo compreende 328.677 habitantes, representando 3,1% da população do estado, distribuída com 67,1% na área urbana e 32,9% na área
rural, variando entre os municípios. Conforme a classificação climática de Koeppen, o clima na região é denominado de Cfa, Subtropical Úmido, com verões quentes e invernos frios. Nesta região há 21.700 famílias que cultivam tabaco e, deste total, 42,9% não são proprietárias das áreas onde
cultivam tabaco. Para a obtenção dos dados foi feito um inventário florestal nas propriedades dos fumicultores e entrevistas com agricultores e proprietários de serrarias, (63 serrarias de 75 existentes na região). A pesquisa com os produtores foi feita junto ao inventário florestal, pelo método de amostragem de PRODAN, cuja alocação das amostras deu-se pelo processo de amostragem com probabilidade proporcional ao tamanho da área florestal. O estudo permitiu concluir que a região é caracterizada por pequenos produtores rurais, e que 61,4% da lenha utilizada na cura das folhas de tabaco são originárias de fora da região, bem como 36,1% da madeira que abastece as serrarias. Em relação às políticas públicas, a maioria dos produtores rurais não conhece o PROPFLORA e apenas 30,3% conhece o PRONAF FLORESTAL, sendo que 47,4% dos reflorestamentos são feitos com recursos próprios. Em relação à assistência técnica, 77,8% dos produtores plantam suas florestas sem
receber orientação ou assistência técnica, caracterizando uma lacuna nas políticas públicas voltadas ao estímulo da atividade florestal, no contexto da agricultura familiar. Os dados levantados permitem constatar que a região comporta projetos para atender à capacidade ociosa das serrarias, substituir o abastecimento oriundo de outras regiões, uma serraria para processamento de pallets e uma empresa
de médio porte para a fabricação de chapas, para o que necessitaria de investimentos para gerar 3.600 empregos e movimentar recursos na ordem de R$ 33.500.000 anuais; e que os valores, necessários para investir na autossuficiência de madeira para a fumicultura, são de R$ 12.250.000,00, que
poderiam ser alocados anualmente, durante sete anos de rotação em talhadia simples, nos 13 municípios da região, resultando numa área de 80 ha/ano/município. Por fim, conclui-se que este modelo de desenvolvimento regional é sustentável e fundamental, por não ocorrer em concentração de áreas e nem de renda, atende às demandas de toda ordem, desde processos industriais, até nas demandas domésticas, o que induz conceitos novos, relacionados aos produtos não madeiráveis e os serviços ambientais da floresta.