Governança e sua relação com a fidelidade em cooperativas
Fecha
2014-08-01Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Historicamente, as cooperativas se configuraram como arranjos coletivos com atuação direta nas
necessidades de seus associados. O sistema cooperativo é expressivo tanto nos aspectos econômicos
como sociais, no entanto, percebe-se que o setor vem passando por uma reestruturação, haja vista a
tendência de redução no número de empreendimentos, especialmente no Rio Grande do Sul, onde se
teve um decréscimo de 31% de 2010 para 2013. No ramo agropecuário essa redução representou 14%
no mesmo período, o que reforça uma necessidade de readequação do sistema de gestão e da
governança nas cooperativas agropecuárias. Recorrente é a abordagem, seja na literatura ou no setor
cooperativista, de que as ações oportunísticas e a falta de fidelidade dos associados são problemas
centrais que as cooperativas enfrentam. Sem a fidelidade do cooperado, estas organizações, ao mesmo
tempo em que perdem o sentido da sua existência, perdem em eficiência operacional e de escala, o que
coloca o empreendimento em desvantagem no segmento de atuação. Para o contexto dessa tese, e a
partir da abordagem de Williamson, a governança é a forma de, por meio de normas, regras, contratos,
monitoramentos e incentivos, se garantir a continuidade de uma transação, na qual conflitos potenciais
ameaçam a realização da cooperação. A fidelidade dos associados para com a cooperativa é entendida
como sendo a principal característica da cooperação. Assim, esta tese versa sobre a relação da
governança adotada pelas cooperativas com a fidelização dos cooperados. Dessa forma, objetivou-se
analisar as falhas de governança de cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul e suas
relações com a fidelidade dos cooperados. Como fundamentação, foram utilizadas as abordagens
teóricas da Nova Economia Institucional (NEI): Direitos de Propriedade, Teoria da Agência e
Economia dos Custos de Transação. Para a operacionalização da pesquisa, foram utilizados métodos
quantitativos e qualitativos. A fase qualitativa consistiu na realização de entrevistas em profundidade
com experts em cooperativismo. As informações foram categorizadas e trabalhadas por meio da
técnica de análise de conteúdo. A fase quantitativa caracterizou-se pelo envio de questionário para as
cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul. Foram utilizadas estatísticas descritivas e
multivariadas. No caso das multivariadas, realizou-se a análise fatorial, para que se pudesse identificar
os conjuntos de fatores que influenciam na fidelidade dos cooperados. Posteriormente, a análise de
regressão permitiu verificar o sentido e a intensidade do impacto dos fatores na fidelidade. Os
principais resultados apontaram que a governança adotada pelas cooperativas não é a mais eficiente,
ou seja, a governança e os incentivos oferecidos não minimizam os custos de transação, de forma a se
manter (e aumentar) a fidelidade dos sócios com a cooperativa. Assim, propôs-se um modelo
conceitual para as falhas de governança. O modelo abrange seis dimensões: Falhas Contratuais; Falhas
Operacionais; Falhas de Comunicação; Falhas de Gestão; Falhas de Fiscalização e Falhas na Oferta de
Benefícios Imediatos. A análise quantitativa indicou que quanto maior a Efetividade do Conselho
Fiscal , maior tende a ser a fidelidade dos cooperados, sendo que cerca de 17% da fidelidade é
explicada pela efetividade do conselho fiscal.