Futuro esquecido: a recepção da ficção cyberpunk na América Latina
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Data
2011-03-11Autor
Londero, Rodolfo Rorato
Primeiro membro da banca
Fernandes, Fábio
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Mostrar registro completoResumo
O objetivo deste trabalho é discutir a recepção da ficção cyberpunk latino-americana,
ou melhor, a recepção latino-americana da ficção cyberpunk. Surgida nos anos 1980, no
contexto sócio-econômico norte-americano, a ficção cyberpunk representa vários tópicos
ligados ao local e momento de produção: os Estados falidos e o neoliberalismo; a emergência
do ciberespaço e a livre circulação do capital para além das fronteiras nacionais; o cenário
distópico, a descrença no futuro e o fim dos grandes relatos históricos como propõe a pósmodernidade
lyotardiana; etc. Estas características levam a identificar a ficção cyberpunk
como representação suprema do capitalismo tardio (Jameson). Entretanto, como pensar a
ficção cyberpunk na América Latina, ou seja, num lugar que se encontra ao mesmo tempo
dentro e fora do sistema mundial? A hipótese que este trabalho apresenta aponta para o viés
utópico da ficção cyberpunk latino-americana, inexistente na versão norte-americana. A
representação da utopia nesta ficção somente é possível devido aos lugares que se encontram
fora do sistema mundial: os grupos urbanos marginalizados, as etnias indígenas, os enclaves
ecológicos, os movimentos religiosos, etc. Este trabalho organiza-se em quatro capítulos: no
primeiro capítulo se discute a ficção científica, gênero que abarca a ficção cyberpunk,
contrapondo seus valores (efemeridade, particularidade e imitação) aos da literatura
mainstream (eternidade, universalidade e originalidade); no segundo capítulo se aborda o
modelo marxista base-superestrutura, considerado pertinente para analisar as relações entre
texto e contexto; no terceiro capítulo se verifica o tipo de recepção realizado pela ficção
cyberpunk latino-americana, elegendo a revista argentina Neuromante Inc. como caso
exemplar desta recepção; e no quarto capítulo se analisa alguns romances para comprovar a
hipótese: Mañana, las ratas (1977), de José B. Adolph; Silicone XXI (1985), de Alfredo
Sirkis; Flores para un cyborg (1996), de Diego Muñoz Valenzuela; 2010: Chile en llamas
(1998), de Darío Oses; El viaje (2001), de Rodrigo Antezana Patton; El delirio de Turing
(2003), de Edmundo Paz Soldán; De cuando en cuando Saturnina (2004), de Alison
Spedding; A mão que cria (2006), de Octavio Aragão; La segunda enciclopedia de Tlön
(2007), de Sergio Meier; Os dias da peste (2009), de Fábio Fernandes; e Cyber Brasiliana
(2010), de Richard Diegues.