Alegoria e morte em Pedro Páramo, de Juan Rulfo: o futuro em ruínas
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2013-02-25Metadatos
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Este trabalho apresenta uma proposta de análise do romance Pedro Páramo, de Juan Rulfo, na qual a concepção de futuro e de passado defendida pela Modernidade, a construção alegórica e o trabalho de luto erigem-se como eixos centrais. Ao longo de quatro capítulos, buscamos responder a seguinte pergunta: Como, em Pedro Páramo, o processo revolucionário mexicano e a perspectiva de futuro decorrente da Modernidade estão expressos? No primeiro, os escritos de Carlos Fuentes, Alejo Carpentier, Alberto Vital e Jorge Ruffinelli nos ajudaram a relacionar o autor, a obra e o contexto de produção, na tentativa de apreender a formação da realidade histórico-social-econômica mexicana. Ainda nesta etapa, tecemos algumas considerações sobre os processos de encontros culturais vivenciados pelo México (desde a chegada dos espanhóis até a revolução mexicana) com o intuito de abarcarmos questões relativas à Modernidade e à constituição do romance estudado. No segundo capítulo, analisamos a construção da narrativa, associando os elementos externos aos internos em um processo de entrada e saída do romance, somando o texto literário ao contexto político-histórico-social mexicano. Também, empregamos o conceito de transculturação literária proposto pelo crítico uruguaio Ángel Rama, o qual nos ajudou a compreender a estrutura narrativa de Pedro Páramo, principalmente, face ao momento histórico em que foi produzida. No terceiro capítulo, a partir de autores como Claudio Lomnitz, Carlos Monsiváis e Octavio Paz, abordamos a elaboração cultural da morte no México, em sua condição de totem nacional. E, partindo dos estudos desenvolvidos por Walter Benjamin, Jürgen Habermas, Octavio Paz e Darcy Ribeiro, relacionamos ao romance analisado o conceito benjaminiano de alegoria e a concepção temporal moderna. No quarto e último capítulo, os escritos de Theodor Adorno e de Idelber Avelar auxiliaram-nos com conceitos como luto, perda, derrota, tensão - associados à dialética negativa , a partir dos quais tomamos Pedro Páramo como um sistema aberto no qual a tensão conduz para uma concepção de futuro que subverte a apresentada pela Modernidade: um futuro em ruínas. A projeção de um futuro de ruínas torna atuante tanto o passado quanto o presente e o futuro. Sob esse prisma, as distintas vozes narrativas de Pedro Páramo são possibilidades diversas, singulares e incompletas que propõem a revisão da constituição do grande relato nacional mexicano relacionado à revolução, partindo do reconhecimento do passado como heterogêneo e fragmentado, rompendo com as visões homogeneizantes e totalizantes da história e tomando a diversidade e a oposição como aspectos positivos.