Contribuições cirúrgicas para o tratamento da instabilidade atlantoaxial em cães
Abstract
Esta tese foi realizada em duas etapas distintas, sendo a primeira destinada à criação de
um método alternativo de acesso cirúrgico a articulação atlantoaxial. O objetivo foi apresentar
uma variação na técnica de acesso ventral à articulação para tratamento da instabilidade
atlantoaxial sem a secção do músculo esternotireóideo. Foram utilizados 15 cães, pesando entre 8
e 12 kg, distribuídos aleatoriamente em três grupos iguais de acordo com o período pósoperatório
(PO) denominados de I (30dias), II (60 dias) e III (90 dias). A articulação atlantoaxial
foi submetida à artrodese por meio do acesso ventral utilizando pinos de Steinmann associados à
resina acrílica autopolimerizável. O acesso e a exposição da articulação atlantoaxial sem a secção
do músculo esternotireóideo foram realizados sem complicações ou limitações adicionais.
Nenhum cão desta pesquisa apresentou complicação decorrente da intervenção. Pode-se concluir
que a secção do músculo esternotireóideo é um procedimento desnecessário e que não interfere
na exposição da articulação atlantoaxial e na realização da artrodese em cães por meio do acesso
ventral. Na segunda etapa foi utilizado o homoenxerto de osso esponjoso conservado em
glicerina a 98% em cães submetidos à artrodese atlantoaxial. O objetivo desta pesquisa foi testar
e comparar o implante homógeno com o enxerto autógeno e com a realização da remoção da
cartilagem articular isoladamente. Foram utilizados 12 cães, pesando entre 8 e 12 kg, distribuídos
aleatoriamente em três grupos iguais. Grupo I (GI): realizada apenas a remoção da cartilagem
articular e imobilização articular com pinos e resina acrílica. Grupo II (GII): Após remoção da
cartilagem articular e imobilização da articulação, foi realizada a colocação e modelagem do
enxerto ósseo esponjoso homógeno no local determinado. O volume de homoenxerto colocado na
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articulação foi determinado utilizando balança de precisão e todos os animais receberam a mesma
quantidade. Grupo III (GIII): Foi realizado o mesmo procedimento do GII, no entanto, foi
utilizado enxerto ósseo esponjoso autógeno no local determinado. Exames radiográficos foram
realizados em todos os animais aos 30, 60 e 90 dias de PO. Aos 90 dias de PO foi realizada a
eutanásia dos animais para realização de testes de palpação manual, avaliação tomográfica e
histológica. Para análise estatística da associação entre o grau de fusão articular, avaliado por
palpação manual, das imagens radiográficas digitalizadas e tomográficas e os grupos de
tratamento, aplicou-se o Teste Qui-quadrado de independência. Os resultados dos testes foram
avaliados pela significância exata, e considerados estatisticamente significantes a 5% (p < 0,05).
Pelo teste de palpação manual e pelas imagens tomográficas pode-se perceber que não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos aos 90 dias de PO. A análise radiográfica
da articulação atlantoaxial mostrou que o grau de fusão foi semelhante entre os tratamentos, sem
diferença estatística, aos 30, 60 e 90 dias de PO. Com relação ao estudo histopatológico aos 90
dias de PO foi verificado que a neoformação óssea no grupo I apresentou níveis de intensidade
proporcional (ausente, leve, moderada, acentuada), no grupo II, 75% leve e 25% acentuada e no
grupo III, 25% moderada e 75% acentuada. Pode-se concluir que a utilização de enxerto
homógeno conservado em glicerina a 98% em cães submetidos à artrodese atlantoaxial é um
método alternativo viável para tratamento de instabilidade atlantoaxial. Pode-se concluir também
que não existe diferença quanto ao grau de fusão articular quando foi realizada apenas a remoção
da cartilagem articular, sugerindo que essa possa ser mais uma alternativa ao tratamento da
instabilidade atlantoaxial.