Contribuições para o uso de células estromais mesenquimais no reparo de feridas cutâneas e no transplante de pele em coelhos
Resumo
Esta tese foi realizada em três etapas distintas, sendo a primeira destinada a analisar a terapia celular na cicatrização de pele em coelhos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de cicatrização da fração vascular estromal (FVE) e das células estromais mesenquimais (CEM) e comparar qual apresenta melhor eficácia e maior facilidade de uso. Para este estudo foram utilizados 15 coelhos divididos em três grupos. Foi criada uma ferida de pele de 4 cm2 em todos os coelhos. Os animais do grupo A não receberam nenhum tipo de tratamento, enquanto que no grupo B foram tratados com FVE do tecido adiposo e no grupo C foram tratados com CEM. A análise histológica demonstrou que as etapas da cicatrização ocorreram de maneira mais satisfatória nos grupos tratados. Na análise estatística, os dois grupos tratados não apresentaram diferença significativa entre si, mas quando comparados com o grupo controle houve diferença significativa. Concluiu-se que tanto o uso da FVE quanto das CEM são viáveis e apresentaram melhores resultados que o controle, inclusive tornando a cicatriz resultante do processo esteticamente aceitável. Na segunda etapa foi determinado o grau de estresse oxidativo das CEM em cultivo. O objetivo deste trabalho foi avaliar o isolamento e o cultivo das CEM a partir de amostras de tecido adiposo de três coelhos, processadas imediatamente após a colheita e com 12 ou 24 horas de intervalo, mantendo-as em cultivo até a nona passagem. As amostras de cada animal foram divididas em três novas amostras, sendo que a primeira foi processada imediatamente após a colheita, e as demais com 12 e 24 horas de intervalo. O ensaio da diclorofluoresceína diacetato (DCFH-DA) demonstrou que os cultivos imediatos tiveram um aumento da taxa total de espécies reativas de oxigênio (EROs) a partir da quarta passagem, células cultivadas após 12 horas, a partir da terceira passagem e após 24 horas, a partir da terceira passagem, mas com um outro
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episódio durante a nona passagem. O teste de PicoGreen demonstrou que os cultivos imediatos obtiveram uma maior liberação de DNA apenas na sétima e nona passagens; 12 horas, morte celular somente na nona passagem e 24 horas, durante as três últimas passagens avaliadas. Nas condições em que o experimento foi realizado e com base nos resultados obtidos é possível concluir que o tecido adiposo pode ser cultivado até 24 horas após a colheita, desde que mantido em condições ideais. Na terceira etapa foi testado o possível potencial imunossupressor das CEM. O objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade do alotransplante de pele a fresco em coelhos, utilizando como agente imunomodulador células estromais mesenquimais, associadas ou não à ciclosporina. Para a elaboração deste experimento foram utilizados 20 coelhos machos, da raça Nova Zelândia Branco, divididos aleatoriamente em quatro grupos experimentais. Grupo A: realizado apenas o transplante. Grupo B: aplicação de CEM nos dias -1, 0, 3, 7 e 10, associado ao uso da ciclosporina. Grupo C: somente a aplicação de CEM, nos mesmos períodos que o grupo anterior. Grupo D: apenas ciclosporina injetável. Para a comparação das médias foi usado o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. As taxas de sobrevivência do enxerto foram de 7,2 dias (± 3,49) para o grupo B; 11,4 dias (± 3,58) para o grupo C; 9,0 dias (± 1,22) para o grupo D e 13,0 dias (± 1,41) para o grupo A. As interleucinas foram avaliadas nos grupos A, B e C e neste ponto, a utilização associada da ciclosporina com as CEM, parece ter sido benéfica para a inibição de alguns destes fatores. Pode-se concluir que tanto a aplicação da ciclosporina quanto das CEM alógenas, quando administradas isoladamente, não foram capazes de aumentar a taxa de sobrevida do enxerto de pele, mas as duas terapias, quando utilizadas de maneira associada, foram responsáveis por causar uma rejeição mais rápida do tecido transplantado do que o grupo controle. Ainda assim, os valores mensurados das principais interleucinas pró-inflamatórias foram menores quando esta associação ocorreu.