Bário em soluções de nutrição parenteral e medicamentos: origem, níveis de contaminação e avaliação da distribuição no organismo em modelo animal
Date
2012-03-21Metadata
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A contaminação por Bário (Ba) em soluções para nutrição parenteral (NP) e em
medicamentos foi estudada. A concentração de Ba foi determinada por F-AAS em
embalagens de vidro e plástico que armazenam estas formulações, uma vez que, os compostos
de Ba podem ser usados como matérias-primas destes materiais. As NP e os medicamentos
utilizados nos recém-nascidos prematuros da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do
Hospital da Universidade Federal de Santa Maria (HUSM) foram analisados por GF-AAS.
Os recipientes de vidro, frascos e ampolas, apresentaram de 4,1 mg/g a 4,9 mg/g de
Ba. Bolsas de PVC e frascos de polietileno apresentaram 0,15 mg/g e 0,04 mg/g de Ba,
respectivamente. Nas tampas de borracha entre 0,02 mg/g e 0,04 mg/g Ba foi encontrado, e
4,4 mg/g de Ba foi medido nos êmbolos das seringas.
As soluções comerciais de NP, com exceção das soluções salinas de KCl e NaCl,
apresentaram Ba como contaminante. As concentrações variaram entre 27 μg/L e 262 μg/L,
sendo que, vitaminas, sulfato de magnésio, gluconato de cálcio e aminoácidos pediátricos
encontraram-se mais contaminados. Constatou-se que as soluções de NP preparadas e
armazenadas nas bolsas, apresentaram uma maior contaminação do que seria o esperado pela
contribuição de cada constituinte individualmente. As frações das soluções de NP das buretas,
que é um dispositivo ligado às bolsas para auxíliar no controle do volume a ser administrado,
se mostraram mais contaminadas por Ba que as respectivas bolsas, concluindo-se que a
preparação e adição de medicamentos nas soluções deste compartimento aumenta
significantemente a quantidade de Ba. A maioria dos medicamentos estudados não apresentou
contaminação por Ba. Entretanto, após diluição nas seringas, concentrações entre 87 e 585
μg/L foram encontradas nas amostras de fosfato dissódico de dexametasona, sulfato de
amicacina e sulfato de gentamicina. Como os medicamentos armazenados nas seringas
permanecem em contato direto, por vários dias, com o êmbolo, esta deve ser a origem do Ba
nos medicamentos analisados.
Ensaios de contato entre uma resina de troca iônica condicionada com Ba e soluções
dos constituintes das NP e dos medicamentos foram realizados para simular a interação dos
compostos com o Ba das embalagens.Os resultados mostraram que o gluconato de cálcio e o
ácido cítrico foram os que mais interagiram com o metal, retirando-o da resina em maior
quantidade e tranferindo-o para as soluções. Estes resultados comprovaram que o Ba pode ser
extraído das embalagens para as soluções pelos constituintes das NP e dos medicamentos.
Experimentos em modelo animal foram realizados para verificar os efeitos do Ba no
organismo vivo quando administrado diretamente na corrente sanguínea, como é o caso das
formulações parenterais. A dose letal 50 (DL50) de 9,6 mg/kg do BaCl2 em ratas Wistar por
via intraperitoneal foi determinada devido à necessidade de se conhecer uma dosagem segura
a ser administrada no estudo sobre o efeito do Ba no organismo e o por não ter sido
encontrado na literatura valores concordantes. Após este estudo, ratos machos adultos Wistar
foram submetidos aos tratamentos com Ba combinados ou não com citrato de sódio e
gluconato de cálcio. Posteriormente a 30 administrações os animais foram sacrificados e
amostras de rim, fígado, coração, osso do fêmur, músculo da coxa e sangue foram coletados.
Vários procedimentos para a digestão dos tecidos foram testados para suprimir, o
máximo possível, a interferência causada pela matriz na determinação do Ba por GF-AAS. O
procedimento mais adequado foi o qual se digeriu as amostras com 1 mL de HNO3 e se
realizou as análise com calibração por adição do padrão.Os resultados mostraram a deposição
do metal no músculo, osso e precipitado sanguíneo. Quando o Ba foi administrado juntamente
com o citrato, observou-se um aumento significativo na deposição total do Ba no organismo,
sendo que o metal foi encontrado predominantemente nos ossos. Já o tratamento com Ba
combinado com o gluconato diminuiu o acúmulo total deste metal no organismo, mas também
favoreceu a deposição nos ossos. Esses compostos ajudaram a amenizar a deposição do Ba no
músculo e precipitado sanguíneo com relação à administração apenas de Ba.
Este estudo mostrou a contaminação de Ba em NP e em alguns medicamentos,
proveniente das embalagens que os armazenam. Sendo o citrato, utilizado em muitos
medicamentos, contribuinte para uma maior absorção no organismo. A gravidade disso é
devido ao grande potencial de toxicidade do Ba e a forma direta em que este metal é
administrado em pacientes debilitados.