Efeitos do treinamento aeróbico no processo inflamatório e estresse oxidativo no córtex e músculo e a sua relação com exercícios à exaustão, bem como as adaptações causadas pelo treinamento aeróbico no fígado de ratos
Resumo
A prática regular de exercícios físicos está intimamente ligada a uma boa qualidade de vida.
Entretanto, cada sessão de treino tem como consequência a produção de espécies reativas de oxigênio
(EROs), o processo inflamatório sub-clínico, a dor muscular tardia (DMT), diminuição do
desempenho e a fadiga. Esses fatores causam adaptações na musculatura esquelética, cérebro e fígado
e, consequentemente, de uma forma crônica, contribuem para a melhora do condicionamento físico e
do desempenho esportivo o que protela o aparecimento da fadiga. Além disso, existem evidências do
uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) no sentido de diminuir a sensação de dor para
atingir o mesmo objetivo. Considerando que os atletas treinam com o objetivo de melhorar o seu
desempenho esportivo, principalmente em provas de alta intensidade e curta duração e que essas
podem levar à sensação de dor e processo inflamatório, um grande número desses atletas usa AINEs
para evitar perdas em suas provas. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo investigar os
efeitos do treinamento aeróbico em ratos sobre o tempo à exaustão em três testes exaustivos. Foram
avaliados os marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo, atividade da enzima acetilcolinesterase
(AChE), assim como a administração de ibuprofeno age nos mesmos parâmetros e na DMT no córtex
e músculo. Outro objetivo desse trabalho foi avaliar as adaptações do treinamento físico no fígado, nos
marcadores de estresse oxidativo e viabilidade mitocondrial e como esse órgão reage frente a
exercícios à exaustão em ratos. No manuscrito demonstrou-se que o treinamento aeróbico (natação 6
semanas) causou uma diminuição da atividade da enzima acetilcolinesterase (AChE) no córtex e do
conteúdo de Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-α) e Interleucina 1 Beta (IL-1β) per se no
músculo. Além disso, verificou-se que a administração de ibuprofeno (15 mg/kg, por 9 dias), per se e
em combinação com o exercício, aumentou o tempo à exaustão, causou uma diminuição da atividade
da AChE no córtex, diminuição do conteúdo TNF-α e IL-1β no músculo e no conteúdo espécies
reativas totais nos dois tecidos. No artigo verificou-se que o treinamento aeróbico (natação 6 semanas)
causou aumento no conteúdo de glutationa reduzia (GSH) e da razão glutationa reduzida/oxidada
(GSH/GSSG), na atividade da enzima superóxido dismutase, diminuiu a peroxidação lipídica e
aumentou a viabilidade mitocondrial no fígado. Além disso, as adaptações causadas pelo treinamento
mantiveram os níveis elevados de GSH, protegeu do aumento dos níveis de GSSG, e do aumento de
peroxidação lipídica e de carbonilação proteica, além de manter a redução de metiltetrazol, aumentar o
potencial de membrana e de proteger de um grande aumento de produção de ERO. Considerando os
dados apresentados no presente estudo, conclui-se que a administração de ibuprofeno pode ter um
papel ergogênico na realização de testes exaustivos, adiando a fadiga e que o fígado sofre adaptações
mitocondriais pelo treinamento aeróbico que auxiliam na realização dos mesmos testes.