Representações sociais do corpo dos adolescentes em conflito com a lei
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Data
2004-11-16Autor
Finoqueto, Leila Cristiane Pinto
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O reconhecimento da criança e do adolescente como sujeito de direitos é recente, pois as marcas de legislações anteriores definiram ações de repressão arbitrárias no que se referia às crianças e aos adolescentes que não tinham respaldo familiar ou necessitavam utilizar a rua como meio de sobrevivência. Essa realidade repercute na discussão estabelecida em torno do corpo, afirmando-se na sociedade contemporânea como questão de entendimento nas relações humanas, estabelecido de forma consciente ou inconsciente. Neste ponto convergem as representações sociais de corpo construídas em espaços plurais, heterogêneos e diversificado de informações. Estas afirmações introduzem alguns elementos presentes no mundo dos adolescentes que cometem atos infracionais, encontrando-se no cumprimento de medidas sócio-educativas no Centro de Atendimento Sócio-Educativo (CASE) de
Santa Maria-RS. O estudo da construção das representações mostra-se significativo, pois internalizam uma linguagem, uma interpretação de mundo e, principalmente, uma atitude. Assim, objetivei neste estudo analisar a construção das representações sociais de corpo dos adolescentes em conflito com a lei que cumprem medidas sócioeducativas no CASE, a partir da vivência destes na instituição. A investigação constitui-se numa pesquisa qualitativa, utilizando-se da observação participante, conversas informais, anotadas detalhadamente em um diário de campo, acrescidas pelas informações da entrevista semiestruturada. Participaram deste estudo 32 adolescentes de 12 a 21 anos, do sexo masculino, internados na instituição no período de maio de 2003 a fevereiro de 2004. As representações sociais do corpo construídas pelos adolescentes internos do CASE não se ausentam dos novos corpos que emergem como objetos de consumo, como experiência no mundo, rebelde aos padrões convencionais, passivo diante das limitações econômicas, transgressor e polêmico, pois foram tecidos no seio das contraditoriedades e complexidade contemporânea. A partir do reconhecimento e o desvelamento das experiências dos adolescentes revelaram-se grupos distintos neste contexto: os corpos silenciosos, os corpos forjados e, por fim, os corpos transgressores. Compreender a construção das representações sociais do corpo dos adolescentes em conflito com a lei que se encontravam internados no CASE, significou percorrer matizes significativas dos diferentes corpos, construídos na imensidão da heterogeneidade, pluralidade e multiplicidade da sociedade.