Telenovela e a identidade feminina de jovens de classe popular
Fecha
2010-03-02Metadatos
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O objetivo deste trabalho foi compreender como os embates e complementaridades entre a audiência da telenovela e os demais elementos do cotidiano família, escola e classe social conformam a identidade feminina de jovens mulheres de classe popular. Os Estudos Culturais são adotados como modelo teórico-metodológico, especialmente no que se refere à teoria das mediações culturais (Jesús Martín-Barbero) e ao modelo Encoding and Decoding (Stuart Hall). A amostra desta pesquisa foi composta por 12 jovens com idade entre 16 e 24 anos, moradoras do bairro Urlândia, periferia de Santa Maria-RS. O estudo configurou-se como uma etnografia da audiência e as técnicas de coleta de dados são constituídas por observação do espaço doméstico, com registro em diário de campo, aplicação de formulário sociocultural, realização de entrevistas semi-dirigidas e assistência da telenovela na casa das informantes. Os resultados da pesquisa apontam a imposição da classe social sobre as identidades femininas dessas jovens. A carência econômica define as vivências e os modos de ser mulher, seja pela gravidez na adolescência, pelo trabalho, pelo abandono da escola ou pela televisão
como principal forma de lazer. O papel da telenovela também é essencial, pois, além de (re)produzir um padrão de gênero em que a maternidade e o casamento são as prioridades
femininas faz chegar, ao menos de forma esparsa, uma ideologia da igualdade de gêneros, que, mesmo sendo problemática, é maior do que na realidade que as cerca. Apesar desse discurso pouco se concretizar em prática, é fundamental, pois também constitui a identidade feminina.