Os sentidos da crise financeira nos editoriais de CartaCapital e Veja: entre divergências discursivas, a disputa de um projeto para o Brasil
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2013-12-20Metadatos
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A presente dissertação tem como objetivo compreender os sentidos construídos sobre a crise financeira nos editoriais de duas revistas semanais de informação entre setembro de 2008 e dezembro de 2009. Para tal, utiliza-se a Análise do Discurso de corrente francesa (AD) e seu aporte teórico-metodológico. Como suporte teórico necessário para aplicação da AD utiliza-se a revisão bibliográfica de temas que dão base aos Discursos das revistas. Assim, temas correlatos como o jornalismo opinativo e o editorial, o jornalismo econômico e em revista, os modelos econômicos das últimas décadas, a crise em si e um histórico das Condições de Produção (CP) das revistas estudadas são observados. Como ferramenta metodológica utiliza-se o conceito das famílias parafrásticas (FPs), que auxiliam na identificação dos sentidos e seu agrupamento em Formações Discursivas (FDs). A revisão desses conceitos aliados à Análise leva a algumas conclusões quanto aos sentidos construídos pelas duas revistas nesse período ao estabelecer quatro Formações Discursivas, duas presentes em ambas as revistas, e duas presentes unicamente em cada uma delas. Em consonância com seus históricos, revisados nesse trabalho, CartaCapital construiu sentidos keynesianos ao fazer uma dura crítica ao neoliberalismo e considerar a volta de um Estado forte como solução para a crise, enquanto Veja construiu sentidos neoliberais ao dar menor importância à crise, não ver com bons olhos um aumento do Estado e defender o modelo neoliberal mesmo em meio à crise. Em ambas as revistas um sentido de alarme quando do estopim da crise foi encontrado, o que aproxima uma parte dos discursos dos editoriais dessas publicações ao relato do acontecimento como é prática no jornalismo informativo. Outra FD encontrada em ambas as revistas foi de um discurso em emergência, do Lulismo, formulação social-econômica de caráter difuso e que, por essa natureza, ganhou espaço nos editoriais enquanto defesa do Brasil como país forte em meio à crise apesar das diferenças ideológicas das revistas. A partir disso que se estabeleceu as Formações Ideológicas por revista, sendo em CartaCapital a subordinação das regiões ideológicas à busca pela igualdade dentro do capitalismo e em Veja a subordinação das regiões ideológicas à liberdade dos mercados, numa situação em que ambas procuram revestir de suas premissas o discurso lulista em emergência. A compreensão da maneira como os editoriais de duas revistas constroem sentidos sobre uma crise de grandes proporções auxilia na avaliação da forma que compreendem a sociedade e suas identidades, já que são
esses momentos que levam ao limite as possibilidades em jogo no plano discursivo. Portanto, a temática aqui estudada tem pertinência à linha de pesquisa Mídia e Identidades Contemporâneas, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM, já que um estudo do papel da Comunicação Midiática na construção de dinâmicas sociais.