Relações e tensões em campo: tipificações e cultura vivida na série especial do Jornal Nacional com os jogadores da seleção brasileira
Fecha
2016-08-24Metadatos
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A presente pesquisa problematiza as tensões e relações entre as tipificações dos jogadores de futebol, construídas pela série especial com os jogadores da Seleção no Jornal Nacional, e os elementos presentes na cultura vivida, a partir do contexto político, econômico e social. O conceito de cultura vivida terá como base o conceito de consciência prática desenvolvido por Williams (1979), que se relaciona com aquilo que está sendo realmente vivido, ou seja, as experiências sociais que estão sendo definidas e sentidas ativamente pelos sujeitos em determinado contexto. O objetivo principal deste estudo é analisar as tipificações construídas pela série especial, em contraposição com os elementos da cultura vivida. Como objetivos específicos, esta pesquisa busca: estudar as tipificações de jogadores de futebol no telejornalismo esportivo; compreender as relações do futebol com os desdobramentos político-econômicos do Brasil; verificar os temas reforçados e silenciados nas representações do telejornalismo esportivo e mapear os elementos da cultura vivida, a partir do contexto político, econômico e social, presentes durante a exibição da série especial no Jornal Nacional. Para isso, através da elaboração de uma proposta de análise cultural-midiática do telejornalismo esportivo, com base na perspectiva dos Estudos Culturais, desenvolvemos um diagrama próprio para observar nosso objeto através de esferas dinâmicas e interdependentes: a economia, a política, a sociedade e o telejornalismo esportivo, todas inseridas no meio social enquanto práticas materiais. Para mapear as tipificações construídas nas histórias de vida de Maxwell, Victor e Daniel Alves na série, utilizamos a metodologia de análise textual (CASETTI; CHIO, 1999), a partir da utilização das categorias de a) sujeitos e interações e de b) história. Através da análise, chegamos a três tipificações de jogadores representadas na série: o tipo pobre, caracterizado como hegemônico e representativo da maioria desses atletas, o qual é destacado na série; o tipo graduado, representado na série unicamente pelo caso do jogador Victor, ao qual é feita uma concessão na série, e, por fim, o tipo rico, representado pelo exemplo único do jogador Maxwell na série, o qual é representado de forma atenuada. Os tipos graduado e rico, por se tratarem de casos raros no esporte, são tidos como representações contra-hegemônicas por desafiarem o padrão narrativo de tais histórias. Ao buscar evidenciar o protagonismo dos jogadores de futebol, colocando-os como personagens principais da série, a emissora e o telejornal cumprem apenas com uma tarefa mercadológica, na tentativa de ganhar audiência e gerar identificação através de uma representação ilusória e homogênea. Por outro lado, esse falso protagonismo encobre inúmeras situações problemáticas, transmitindo a ideia de que se valoriza e representa todos os jogadores de futebol, sem levar em conta a diversidade e a pluralidade de suas histórias de vida. Assim, a série não coloca em discussão novas representações, que poderiam levar a construções diferentes sobre a identidade do jogador de futebol no Brasil.