Biologia no ensino médio: diferentes abordagens metodológicas para adequar o conhecimento ao cotidiano - enfoque sobre a gravidez na adolescência
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2015-04-15Metadatos
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A sexualidade configura-se, na contemporaneidade, como uma temática urgente a ser trabalhada
na escola, tendo em vista, por exemplo, questões como a desigualdade de gênero. No entanto, o
que vem se fazendo no Ensino de Ciências tem reduzido essa questão apenas a conhecimentos isolados
sobre anatomia e fisiologia de órgãos genitais, bem como sobre a profilaxia de doenças sexualmente
transmissíveis. Nessa abordagem,considerada reducionista, fatores sociais e ligados ao cotidiano do estudante
não são valorizados. No que tange à sexualidade em sala de aula, a gravidez na adolescência
está longe de ser um tema fácil de ser abordado, principalmente quando se quer fugir de simplificações
e de banalizações acerca do assunto. Quando discutida na escola, a gravidez na adolescência, usualmente,
vem acompanhada de adjetivos como indesejada , precoce , ou ainda é tratada como aquilo
que se deve evitar a qualquer custo. Nesse contexto, os adolescentes são considerados sujeitos homogêneos,
sendo analisados de forma negativa, reduzindo e generalizando suas experiências, considerando-os
como sujeitos inacabados. Assim, torna-se necessário compreendê-los, levando-se em conta a enorme
diversidade de variáveis biológicas, psicológicas, sociais, culturais, políticas e ideológicas que abarcam o
que se entende por juventude e adolescência. Utilizando o viés da gravidez na adolescência, este trabalho
objetivou utilizar diferentes abordagens metodológicas para um ensino integrativo de conceitos biológicos
relativos à reprodução, com questões do dia-a-dia dos estudantes, ampliando a abordagem puramente
biológica para aquela que significa o corpo socialmente. O trabalho possuiu a natureza de uma pesquisa
aplicada qualitativa e teve os dados analisados por meio da análise textual discursiva além do uso de pré
e pós-testes no que diz respeito à avaliação da aprendizagem dos conceitos biológicos trabalhados. Foi
desenvolvido em uma escola pública de Santa Maria- RS, com três turmas do primeiro ano do Ensino Médio,
em períodos letivos regulares. Construiu-se diferentes materiais didáticos para o desenvolvimento
das atividades, as quais buscaram abordar, entre outras questões, reflexões sobre a contracepção, contágio
por doenças sexualmente transmissíveis, crenças sobre maternidade e aborto, preconceito de gênero,
parto normal versus cesárea, amamentação, todos permeando o ensino dos conceitos biológicos acerca
da reprodução humana. Como resultado, destacam-se as categorias de análise encontradas: Preconceito
étnico/racial; Estereótipo de gênero; Cuidado (autocuidado, cuidado materno, cuidado por parte dos pais
e mães dos adolescentes, cuidado por parte do(a) companheiro(a)); culpa e curiosidade, as quais elucidaram
pontos a serem problematizados junto aos estudantes e podem servir como um demonstrativo de
temáticas a serem pesquisadas futuramente nas escolas. Conceitualmente, salienta-se o avanço no entendimento
sobre a anatomia e a fisiologia dos sistemas reprodutivos demonstrado por meio dos pós-testes
realizados, principalmente, quanto ao ciclo menstrual e ao desenvolvimento embrionário e fetal. Ainda,
pôde-se perceber uma mudança de postura dos estudantes no sentido de refletirem e posicionarem-se
criticamente frente às questões como aborto, fatores sociais ligados à amamentação, um maior entendimento
acerca dos tipos de parto e a desnaturalização da desigualdade de gênero, principalmente, acerca
da percepção da corresponsabilidade dos gêneros no que diz respeito à contracepção.