O ethos da privação de liberdade como formador de saberes e representações de três professoras
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2008-05-19Metadatos
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Esta pesquisa teve por objetivo compreender e interpretar o contexto da privação de liberdade como
formador de saberes e representações de três professoras que atuam na escola inserida no CASE/SM (Centro de
Atendimento Sócio-Educativo de Santa Maria), uma das unidades de atendimento da FASE/RS (Fundação de
Atendimento Sócio-Educativo do Rio Grande do Sul), com o propósito de contribuir na produção de
conhecimentos para a formação de professores. Metodologicamente, este estudo apresenta caminhos percorridos que auxiliaram na coleta dos dados analisados. Possui um cunho etnográfico, pois, além de pesquisadora,
também atuo nessa escola como uma de suas professoras. Para a interpretação dos dados da pesquisa, utilizei a
Hermenêutica Filosófica. Também fiz uso das histórias de vida das três professoras Sujeitos-Colaboradoras, que
foram tomadas em uma dupla perspectiva: de investigação e formação. O principal instrumento utilizado para
coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada. Quanto aos resultados, os saberes que foram produzidos a partir
desse ethos exigiram dessas professoras uma interpretação que, enquanto experiência estética, foi capaz de
produzir um saber ético-afetivo, utilizado como tecnologia pedagógica essencial para induzir os adolescentes a
participarem das atividades propostas em sala de aula. As representações acerca da FASE apontam a educação
como direito vigiado, que, a partir do regramento disciplinar imposto aos adolescentes privados de liberdade, é
uma tecnologia biopolítica, acionada com o objetivo de reduzir os riscos pessoais e sociais presentes na vida
desses alunos e proteger a população que se vê ameaçada por eles. O CASE, com suas regras, sua vigilância
constante, dificulta a prática de algumas inovações pedagógicas que as três professoras tentam desenvolver. Pelo
que foi analisado, os professores que desejarem atuar no sistema de internação necessitarão compreender que
cada um dos seus alunos é capaz de aprender, porém, cada um a seu tempo e por um caminho provavelmente
diferente. Aí se encontra a importância do professor poder desenvolver o seu trabalho atendendo poucos alunos
em sala de aula. E para que isso se efetive como prática profissional na educação, seus professores precisarão
desenvolver um olhar sensível para cada um dos seus alunos. Sobre as representações que elas possuem acerca
do seu trabalho pedagógico na re-socialização do adolescente, após a extinção da medida sócio-educativa, o que se sobressaiu apresenta-se enquanto possibilidade instituínte, pois não podem dizer do resultado de um trabalho
que se dará fora da instituição. Portanto, é possível afirmar que a FASE se coloca como instituição que atua
como subjetivadora e formadora do trabalho docente.