Formas de organização de estágios curriculares em cursos de Licenciatura em Letras
Resumo
Mediante esta investigação, procuramos contribuir com os estudos sobre as diferentes formas de organização e desenvolvimento de Estágios Curriculares (EC) em Cursos de Licenciatura, em particular dos EC realizados em Cursos de Licenciatura em Letras. O estudo teve como foco a caracterização das formas de orientação utilizadas por docentes responsáveis pelo EC em Cursos de Licenciatura em Letras das Instituições de Ensino Superior (IES) de Santa Maria, RS, Brasil. Para coletar as informações necessárias a esse estudo, utilizamos junto a esses sujeitos Entrevistas Estruturadas Individuais. Foram entrevistados 08 (oito) docentes orientadores de EC em Cursos de Licenciatura em Letras: 03 (três) docentes da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM, 03 (três) do Centro Universitário Franciscano/UNIFRA e 02 (dois) da Rede Metodista do Sul/Faculdade Metodista de Santa Maria/FAMES. Além disso, analisamos os Projetos Político-Pedagógicos (PPP) dos cursos e as normativas legais nacionais referentes aos Estágios Curriculares em Cursos de Formação de Professores. A partir da análise das informações coletadas, constatamos que esses três Cursos de Letras seguem as orientações dispostas nas Resoluções CNE/CP 1/2002 e CNE/CP 2/2002 quanto à carga horária destinada às atividades de EC, porém as Escolas de Educação Básica (EEB), em geral, não participam do processo de avaliação dos estagiários. No Curso de Letras Português e Inglês da UFSM, os responsáveis pelo contato inicial com as escolas são os orientadores e no Curso de Espanhol são os estagiários. Na UNIFRA, há um coordenador de EC que juntamente com o coordenador do curso assume essa responsabilidade; na FAMES a responsabilidade é dividida entre o coordenador de EC e os orientadores. Os orientadores e coordenadores de EC marcam reuniões com a coordenação pedagógica e com os professores responsáveis por turmas das EEB buscando receber orientações, limitações, restrições e condicionantes para o desenvolvimento das atividades de estágio. Após esse encontro inicial, os orientadores somente voltam a ter contato com os professores regentes durante as visitas aos estagiários. Em relação à participação dos professores das EEB no desenvolvimento e acompanhamento das atividades de EC, nos deparamos com duas realidades bem distintas: desde aqueles que liberam a turma para o estagiário desenvolver seu trabalho como quiser, até aqueles que acompanham os planejamentos e/ou o desenvolvimento das aulas. Quanto às formas de orientação, constatamos que todos os orientadores realizam encontros semanais (de 15 minutos a 1hora), com apresentação e discussão de planejamentos, relato e reflexão sobre experiências de regência e resolução de dificuldades surgidas no desenvolvimento do EC. A avaliação dos estagiários é realizada somente pelos docentes orientadores considerando os seguintes aspectos: atividades desenvolvidas nas EEB, atividades desenvolvidas nas IES, entrega dos relatórios finais, dos projetos e/ou dos artigos. Ao finalizar nosso estudo, concluímos que embora tenhamos normativas legais específicas para o desenvolvimento dos EC, essas não são de fácil cumprimento. As IES estudadas têm cumprido algumas delas (400 horas e início do EC a partir da 2ª metade dos cursos), mas falta estabelecer um contato maior, mais integrado com as EEB. Não basta o mero cumprimento das horas de EC nas escolas, mas sim, estar articulado com as demais atividades propostas nas EEB e trabalhar de forma conjunta, buscando estabelecer vínculos e mecanismos que auxiliem o processo de formação dos futuros professores.