O imperativo da cultura surda no plano conceitual: emergência, preservação e estratégias nos enunciados discursivos
Resumo
Este trabalho toma a centralidade da linguagem para compreender como se constituem os processos da conceituação do termo cultura surda , uma vez que este vem tomando status de verdade e realidade cada vez mais forte no universo acadêmico. O presente estudo apresenta uma forma de pesquisa que problematiza os enunciados que constituem uma trama discursiva acerca da cultura surda. O foco foi analisar como a cultura surda vem sendo narrada e pensada pelos próprios surdos e como vem se constituindo como um conceito, tomando significado real e tendo um papel fundamental na constituição do sujeito surdo. Nesse sentido, a cultura surda vem atuando como um conceito fechado e universal. O que instiga o olhar analítico são os saberes sujeitados da comunidade surda como forma de enunciação desse discurso cultural. Sobre esse amálgama de verdades socialmente autorizadas pelos surdos, a cultura surda vem se tornando um imperativo conceitual, convidando-nos a perceber essas enunciações, bem como a pensar e agir sobre elas. Essa conceituação torna-se um dispositivo que coloca em funcionamento práticas discursivas no que tange à surdez. O trabalho objetiva perceber o imperativo da cultura surda no plano conceitual e busca genealogicamente entender a emergência do tema, as verdades que o sustentam e as estratégias discursivas envolvidas nesse processo.