Filosofia na escola: a constituição da disciplina a partir das práticas docentes
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2012-03-16Metadatos
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A questão sobre a possibilidade da atividade filosófica na escola uma instituição
típica de nossa sociedade que carrega a responsabilidade de transmitir as formas de
pensamento existentes em nossa cultura constitui importante aspecto na recente história da
(re) inclusão da disciplina de filosofia no ensino médio brasileiro. É sob tal paradigma que foi
desenvolvida essa pesquisa, pertencente à Linha de Pesquisa 2: Políticas Públicas e Práticas
Escolares, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa
Maria. Seu objetivo foi investigar os discursos que perpassam a escola, a aula de filosofia e os
sujeitos-professores de filosofia e que, de alguma forma, produzem uma aparente separação
entre o ensino da filosofia e o filosofar. As materialidades utilizadas na investigação foram os
documentos das políticas públicas sobre educação e sobre a disciplina de filosofia, os
documentos das escolas e/ou das instituições de formação superior, os textos filosóficos e
acadêmicos (que dissertam sobre educação, ensino de filosofia, atividade do filosofar), mas
prioritariamente, as falas de professores de filosofia. Supõe-se, pois, que o sujeito
representado pelo professor é passível do entrecruzamento dos mais diversos discursos a
constituírem os saberes sobre filosofia e ensino, contemporaneamente. A leitura tanto dos
documentos como das falas provenientes de entrevistas individuais semi-estruturadas
consistiu no exercício de uma análise discursiva arquegenealógica, conforme os postulados
desenvolvidos por Michel Foucault. Neste sentido, a presente dissertação apresenta e
desenvolve conceitos tais como discurso, enunciado, arqueologia, genealogia, sujeito do
discurso. Por conseguinte, como resultados desta investigação, destacam-se determinadas
concepções de filosofia, filosofar e de ensino de filosofia atravessadas por referentes, como:
ensinar X pesquisar, história da filosofia, texto clássico, crítica, diálogo, pensar/pensamento,
prática, etc. Estes referentes apresentam, por si mesmos, tensões no que confere às práticas
pedagógicas a que remetem. Não obstante, são conceitos produzidos no seio da própria
filosofia e carregam, por isso, tensões também relativas à constituição deste saber. Eles
denotam alguns paradoxos da filosofia e do ensino de filosofia e remetem à máxima kantiana
Não se ensina filosofia. Ensina-se a filosofar . Por fim, a pesquisa volta-se a uma análise das
estratégias de poder e governamentalidade efetuadas na escola a fim de compreender as
relações entre o discurso docente e suas condicionantes institucionais e políticas. Neste
sentido, encontram-se consonâncias entre as práticas docentes e determinados conceitos
disciplinares e de controle.