Vida de mulheres negras, professoras universitárias da Universidade Federal de Santa Maria
Abstract
Este estudo tem como objetivo dialogar com professoras negras da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), buscando compreender quais os percursos e percalços foram vivenciados por tais docentes, até chegarem à docência no Ensino Superior, e perceber em que medida as relações sociais étnico-raciais e de gênero interferem nas suas práticas docentes. A temática a ser apresentada e dialogada, neste estudo, está relacionada de maneira mais ampla com a pesquisa em educação, tendo como eixo norteador a educação das relações étnico-raciais e os processos educativos desencadeados por mulheres negras, professoras no Ensino Superior, sobretudo nos processos em que vivenciaram ou não o racismo e a discriminação no âmbito educacional. Neste sentido, o presente estudo pressupõe que as universidades brasileiras, ainda hoje, encontram-se em desigualdade de situação, onde os alunos negros constituem-se como minoria e, quando observado o quadro de professores(as), a situação fica ainda mais alarmante. Muitos estudos têm comprovado esses dados, que evidenciam o racismo social, cultural e econômico que predomina em nossa sociedade, como o de Henriques (2002); Pinheiro (2008); Queiroz (2001, 2002); Rosemberg (2008, 2009) Munanga (1999, 2006). No que diz respeito às questões de gênero, tem-se como referência os estudos de Scott (1995), Safiotti (2004), Louro (1997, 2008). Os resultados deste estudo, elaborado a partir dos dados coletados junto a PROGEP e da análise da trajetória de vida da professora autodeclarada negra da UFSM, demonstram o confinamento racial existente na UFSM. As narrativas da professora levam a evidenciar que a ascensão social e as experiências vivenciadas ao longo da vida fazem com que em muitos momentos, algumas pessoas perceba os negros como outros , demonstrando um distanciamento entre com este grupo. Diante disso, o distanciamento criado pela suas experiências de vida, faz com que compreenda o preconceito e a discriminação em relação ao negro como uma condição de classe e não uma condição de fenótipo/marcas, mas reconhece a diferença existente entre negros e brancos. Neste sentido, o estudo evidencia que o posicionando apresentada pela docente em relação as questões étnicos raciais, faz com que ela se posicione do mesmo modo na prática docente.