Trabalho decente das mulheres da polícia civil do estado do Rio Grande do Sul
Abstract
Este estudo aborda o trabalho da mulher na Polícia Civil do Estado do Rio Grande do
Sul, sob a ótica dos critérios do Trabalho Decente da Organização Internacional do Trabalho.
A pesquisa encontra-se afeto ao campo da sustentabilidade, na vertente social, relacionada à
responsabilidade social corporativa, em busca da necessária gestão pública sustentável. A
questão de pesquisa está relacionada com o ambiente corporativo e o atendimento dos vetores
propostos pela OIT, relacionados à liberdade, igualdade, equidade e dignidade. O objetivo
geral foi a análise do ambiente para as mulheres, com base nos critérios do trabalho decente.
O referencial teórico trata de trabalho e segurança pública, subdividido em tópicos sobre
sustentabilidade, trabalho decente, trabalho da mulher, Polícia Civil e Polícia do Rio Grande
do Sul. A coleta de dados foi realizada a partir de diversas fontes de evidência, fazendo-se uso
de dados primários e secundários. O estudo tem natureza qualitativa, a partir de um roteiro de
observação e um instrumento flexível composto com perguntas abertas. A observação levou
em conta aspectos relativos a prédio, viaturas, funcionários e condições de trabalho. Além da
observação, os dados primários foram coletados por meio de dez entrevistas com delegadas e
servidoras policiais, e os dados secundários a partir de documentos. A interpretação foi
realizada utilizando-se procedimento de análise de conteúdo. Os principais resultados revelam
que a Polícia Civil do RS integra um sistema maior de segurança, responsável pela
investigação criminal, dentre outras funções. A mulher passou a ganhar oportunidade a partir
da década de 1970 e hoje ocupa lugar destacado, em paridade com os homens, não obstante
algumas evidências de limitação de oportunidades. A percepção geral é de desconformidade
com os indicadores da OIT, ressalvando-se os critérios ligados à seguridade e diálogo social,
bem assim estabilidade e rendimentos, que foram considerados total ou parcialmente
atendidos. Nos demais pontos não há adequação do trabalho policial aos vetores da OIT,
especialmente segurança, igualdade, oportunidades, conciliação e jornada de trabalho. O
estudo trouxe como resultados a transformação de achados empíricos em evidências
científicas aptas a auxiliar a compreensão do trabalho policial, em especial o trabalho da
mulher. Proporcionou também a observação do trabalho policial pela ótica científica,
potencializando a realização de novos estudos com vista a alargar a compreensão sobre a
temática e contribuir para estratégias de gestão mais focadas na sustentabilidade pelo viés da
responsabilidade social.