Gramática normativa: movimentos e funcionamentos do “diferente” no “mesmo”
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2010-02-26Metadatos
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O presente trabalho tem por objetivo investigar e compreender os movimentos e funcionamentos que fazem emergir a heterogeneidade no discurso que prefacia a
gramática, ou seja, como se apresenta o diferente no mesmo , na gramática normativa. O objeto que selecionamos para análise constitui-se de quatro edições da Gramática Normativa da Língua Portuguesa (GNLP), de Carlos Henrique da Rocha Lima, enquanto corpus. A proposta é desenvolvida de acordo com a perspectiva teórico-metodológica da Análise de Discurso, posta em relação com algumas noções próprias aos estudos realizados sob a égide da História das Ideias Linguísticas. O trabalho está subdividido em três partes, assim nomeadas e constituídas: na Parte I, O diferente no mesmo : o objeto do olhar sob
um ponto de vista discursivo , apresentamos o tema e a pesquisa teórica realizada, elegendo os conceitos e as referências que sustentam o dispositivo analítico. Na Parte II, E a Gramática Normativa vai surgindo... , explicitamos o processo de circunstancialização do objeto de análise, considerando para tanto elementos histórico-discursivos, numa tentativa de resgatar os entornos teóricos de produção da GNLP e as condições de produção nas quais se insere o sujeito gramático. Na Parte III, Remontemo-nos de Rocha Lima à Gramática Normativa , desenvolvemos nosso gesto de interpretação em dois movimentos de análise. Iniciamos pela leitura das capas de nosso objeto de estudo, observando as
diferenças e semelhanças entre as composições imagéticas e de como elas se transformam na linha do tempo, de maneira regressiva, remontando ao seu surgimento. No segundo
movimento, reservamos espaço para o que prefacia a GNLP em verbo e não mais em imagem, observando e analisando como o diferente movimenta-se e funciona no mesmo .
De modo sucinto, podemos dizer que, em relação às discursividades analisadas, observamos o funcionamento do diferente no mesmo em vários momentos: nas capas
tem-se a regularização verbal e renovação gráfico-imagética que mostram o funcionamento de sentidos diferentes, afetados pelas condições de produção do fazer gramática normativa no Brasil; nos textos que compõem o pré-faciamento da GNLP, identificamos marcas de resistência e de memória. O diferente mostra-se pela resistência marcada pela posição do sujeito gramático em relação à Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB); e pela entrada dos saberes da ciência Linguística. O mesmo mostra-se pela manutenção, pela regularidade do discurso gramatical em que emerge a memória do saber sobre a língua. A análise dessas materialidades discursivas mostra-nos que o projeto imaginário de gramática normativa também se constitui pelo o que falha na língua, pois o heterogêneo emerge, desliza e funciona, logo, movimenta-se no mesmo , uma vez que o diferente é constitutivo da gramática da língua.