Análise da competitividade da cadeia produtiva da soja no continente africano: Moçambique, uma nova fronteira agrícola
Resumo
Estudar o mercado e competitividade da soja em Moçambique assume maior importância por um amplo conjunto de aspetos de ordem social, político, econômico e tecnológico. Por isso, objetivou-se analisar as condições técnico-sócio-políticas e econômicas da cadeia produtiva da soja nas principais regiões produtoras de Moçambique e suas perspectivas de consolidação. Para tal, teve-se como base teorias de análise de cadeias produtivas e teoria da competitividade sistêmica. Os dados utilizados foram primários e secundários. Os primários foram obtidos através de pesquisa de campo com sojicultores, empresas fornecedoras de insumo e indústrias processadoras de soja dos distritos de Ribáuè, Malema, Gurué, Namarroe, Alto Molócuè, Sussundenga, Bárue, Macate, Distrito de Manica, Tsangano e Angónia, em que foram-lhes aplicados questionários semiestruturados no período de janeiro à março de 2018. A amostra foi de 124 sojicultores, escolhidos a partir da técnica de amostragem “bola de neve”, três fornecedores de insumo e duas indústrias processadoras. Os dados secundários foram obtidos na FAOSTAT e na TechnoServe. Teve-se como referência as técnicas estatísticas para compilação e tratamento dos dados. Sendo utilizadas técnicas estatística descritiva (distribuição de frequência e medidas de tendência central) e de estatística multivariada (Análise Fatorial Exploratória e Análise de Conglomerados). Os resultados demonstraram que tanto no continente africano como em Moçambique, a cultura de soja apresenta uma expansão e crescimento considerável, com produtividades ainda baixas na maioria dos países, igualmente em Moçambique. Por outro lado, os sojicultores entrevistados mostraram encontrar-se na fase inicial de conhecimento da cultura, com baixo domínio dos processos de produção de soja, os fornecedores de insumo caracterizados por comercializarem insumos considerados básicos não envolvendo máquinas agrícolas e as indústrias processadoras encontram-se ainda processando pequenas quantidades de soja devido à baixa oferta do grão no país. No segmento da produção, o metanível demostrou que existe uma fraca coordenação entre os agentes da cadeia, o que traduz-se em reduzidas e baixos níveis de assistências técnicas obtidas pelos sojicultores, baixo uso de pacotes tecnológicos, produtividades baixas, baixo nível de treinamento tecnológico, falta de contratos com outras entidades e a falta de financiamento, demonstradas pelo micro e mesonível. Entretanto, o deficiente fornecimento de insumos agrícolas influencia diretamente no uso dos mesmos na produção de soja, proporcionando baixas produtividades, baixas quantidades de soja no mercado e isso também impacta no funcionamento das indústrias processadoras, que produzem menos do que estão capacitadas e importam para suprir essas necessidades. Isso mostra que há necessidade de intensificação das políticas públicas e privadas para que haja mais interação e organização por parte dos atores da cadeia, e assim, consolidar a atividade sojícola para se obter ganhos competitivos. A conclusão geral da pesquisa é que a cadeia produtiva da soja encontra-se em um nível de desenvolvimento inicial, mas existem condições para desenvolvimento e consolidação da mesma nos próximos anos.
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