Trajetória de mulheres com deficiência na educação superior: barreiras e possibilidades
Resumo
A última década no Brasil tem representado uma ampliação de acesso aos espaços institucionais
e garantia de direitos para pessoas com deficiência através da criação de políticas afirmativas
em paralelo com uma forte mobilização do movimento das mulheres na reivindicação por
direitos. Entendendo a Educação Superior no Brasil como um espaço que se constituiu como
um lugar para poucos e historicamente foi implementada para atender a interesses dominantes,
observamos as trajetórias de mulheres com deficiência com o objetivo de investigar como a
Educação Superior possibilita processos de autonomia de mulheres/acadêmicas com deficiência
nos aspectos sociais, culturais e políticos. Efetuou-se inicialmente um Estado do conhecimento
com o intuito de verificar o que vem sendo produzido na área através de uma busca nos portais
de pesquisas: Periódicos Capes; Portal Scielo; Google Acadêmico e Anais da última década dos
Encontros Nacionais da Associação de Pós-Graduandos em Educação – ANPEd.
Posteriormente, foi mencionado o percurso histórico referente à luta das mulheres e seus
processos de escolarização, à pessoa com deficiência na história assim como seu percurso
escolar, observou-se a implementação da Educação Superior no Brasil e as Ações afirmativas
enquanto políticas públicas. Como metodologia desenvolveu-se uma pesquisa exploratória de
acordo com Gil (2010) na Universidade Federal de Santa Maria no intuito de realizar o
mapeamento das estudantes com deficiência na instituição e através de entrevistas narrativas,
observar as possibilidades e barreiras existentes nesse espaço. A análise dos dados se deu
mediante a categorização do conteúdo confrontando com a literatura escolhida. O referencial
teórico desta investigação foram estudos de gênero que objetivassem compreender a
experiência social e autores da segunda geração do modelo social da deficiência e outros para
discutir questões relativas à autonomia. Após a efetivação da pesquisa, evidenciou-se uma
discrepância em relação ao número de mulheres que chega na universidade, indicando questões
anteriores que se configuram como barreiras para essas estudantes. As categorias trabalhadas a
partir das trajetórias referem-se a: família; amigos e relacionamentos; mudanças; sexualidade;
aprendizagens e perspectivas futuras. Apontou-se também para possibilidades da criação de
processos de autonomia de mulheres com deficiência na Educação Superior nas esferas políticas
sociais e culturais, porém esses processos estão atrelados à determinantes como raça e classe
social no desenvolvimento da vida acadêmica. Evidencia-se, ainda a necessidade da afirmação
de direitos como possibilidade de deslocar mulheres com deficiências de uma condição de
dependência e falta, para compreendê-las como possuidoras de outras formas de ser e agir no
mundo.
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