Estudo da eficácia antifúngica de sanitizantes para controle de fungos deteriorantes em indústrias alimentícias
Resumo
Os fungos possuem relevância como agentes de deterioração de alimentos, e o ambiente de produção, incluindo o ar, representam uma importante fonte para contaminação de produtos como pães, queijos, salames e presuntos curados. Assim, a adequada higienização destes locais assume um papel fundamental para prolongar a vida útil destes alimentos. Por outro lado, informações sobre a sensibilidade de fungos deteriorantes de produtos alimentícios a agentes sanitizantes ainda são escassas na literatura. Portanto o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade antifúngica de diferentes classes de saneantes comerciais, com uso permitido na indústria de alimentos, frente aos principais fungos envolvidos na deterioração de produtos de panificação, laticínios e produtos cárneos. Os testes foram realizados de acordo com o protocolo para testes de efeitos antimicrobiano de sanitizantes químicos do Comitê Europeu de Normalização (CEN) e da Norma Francesa NF-T-72281. Espécies dos gêneros Aspergillus (A. brasiliensis, A. flavus, A. westerdijkiae, A. pseudoglaucus, A. chevalieri), Penicillium (P. roqueforti, P. commune, P. polonicum, P. paneum), e espécies de Hyphophicia burtonii, Candida albicans, Cladosporium cladosporioides, Mucor hiemalis e Lichtheima corymbifera foram testadas frente a cloreto de benzalcônio (0,3%, 2,5%, 5%), biguanida (0,3%, 2,5%, 5%), ácido peracético (0,15%, 1,5%, 3%), quaternário de amônia (0,3%, 2,5%, 5%) hipoclorito de sódio (0,01%, 0,1%, 0,2%, 0,5%, 1%) e um agente gerador de fumaça à base de ortofenilfenol 15% (1g/m3). O ácido peracético foi o sanitizante mais eficaz considerando todas as espécies fúngicas testadas, seguido pelo cloreto de benzalcônio e amônia quaternária, porém a eficácia destes agentes somente ocorreu nas doses mais altas recomendadas pelo fabricante. A biguanida, o hipoclorito de sódio e o agente gerador de fumaça foram os sanitizantes menos eficazes dentre todos os avaliados no estudo. De maneira geral, houve variação entre as espécies de fungos testadas e também entre cepas de uma mesma espécie, principalmente se tiverem sido isoladas de substratos distintos. Fungos deteriorantes de produtos cárneos foram os que apresentaram maior resistência aos sanitizantes avaliados. Assim, o conhecimento da eficácia antifúngica dos principais agentes sanitizantes permitidos na indústria alimentícia frente às principais espécies de fungos envolvidos na deterioração de alimentos pode auxiliar na escolha do melhor agente para a higiene industrial visando o controle fúngico em cada segmento específico e, portanto, colaborar na redução de perdas econômicas ocasionadas por fungos.
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