Explanação na internet: violências digitais contra mulheres
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Data
2023-04-04Primeiro membro da banca
Almeida, Beatriz Accioly Lins de
Segundo membro da banca
Carrera, Fernanda Ariane Silva
Terceiro membro da banca
Beleli, Iara Aparecida
Quarto membro da banca
Natansohn, Leonor Graciela
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta pesquisa situada no campo da Comunicação, buscou por meio da
abordagem teórica e metodológica da etnografia digital, compreender a
produção de narrativas na internet a partir da circulação de conteúdos íntimos
de mulheres sem consentimento, chamado no campo por um termo êmico,
nomeado como explanação. A pesquisa atende ao seguinte problema – como
acontece a produção de violências de gênero contra mulheres em torno da
circulação não consensual de conteúdos íntimos? Tendo como objetivo geral
compreender como as narrativas se organizam para produção de violências a
partir de casos do campo relativos à disseminação de conteúdos íntimos sem
consentimento. Os objetivos específicos situam-se em – identificar espaços que
produzem práticas em torno da circulação de conteúdos íntimos de mulheres;
nomear os espaços e as práticas desenvolvidas por meio da circulação não
consensual de conteúdos íntimos; e, analisar narrativas produzidas em torno de
violências contra mulheres a partir da circulação não consentida de conteúdos
íntimos. Para isso, a observação participante em ambientes online tornou
possível a estadia etnográfica que apresentou como principais resultados as
seguintes elaborações: o fenômeno que se apresenta, dito explanação, se afasta
de noções relativas ao termo pornografia de vingança, geralmente associada a
violência doméstica. Desencontra esse termo devido a nuances e impasses
específicos que apresentam outros aspectos, distanciados dos moldes
compreendidos por essa formulação, embora, o consumo dessas imagens possa
ser caracterizado como pornografia. Nesse cenário, esse tipo de violência
cometido contra meninas e mulheres por meio da ampla exposição do seu corpo
e sexualidade, não apenas remonta as violências históricas, mas instaura uma
reatualização com características próprias desse meio. Na internet é possível
fazer a manutenção e reatualização de rituais de masculinidade hegemônica,
através da circulação de conteúdos íntimos cria e fabrica territórios a serem
possuídos e dominados por meio dos corpos das mulheres. A circulação massiva
de conteúdos íntimos é gestada pela cumplicidade entre usuários e plataformas,
com isso, produzem um ecossistema de tráfego de conteúdos, o qual, o corpo
da mulher se transforma em matéria prima que alimenta bancos de dados com
acumulação e expropriação não consensual, altamente lucrativa, simbólica e
material. Nesse contexto dominado por lógicas neoliberais patriarcais, apresento
outras narrativas que surgem como modos de resistência, são redes ativistas e feministas em expansão produtoras de práticas relativas ao combate às
violências de gênero contra mulheres e comunidades de diversidades sexuais.
Nessa direção, centrada em analisar questões de gênero com enfoque em um
tipo específico de violência endereçada as mulheres, a partir de dinâmicas
sociais online, os contornos temáticos tratam de culturas digitais e seus
processos comunicacionais que constituem significados, sobretudo, são
espaços de construção de territórios e disputa de narrativas, do corpo, de
subjetividades e de resistências.
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