O funcionamento da metáfora no jornalismo de revista: temas sindicais em Veja e revista do Brasil
Resumo
A tese tem por objetivo investigar o funcionamento da metáfora no jornalismo. Procuramos estabelecer uma ponte analítica entre a metáfora como figura de linguagem e o conceito de metáfora como processo metafórico, cujo autor é Michel Pêcheux. Assim, empreendemos nossa pesquisa a partir de dois lugares de fala distintos: revista Veja (editora Abril) e Revista do Brasil (editora Atitude). Procuramos neles estudar como a metáfora artifício discursivo - trafega entre os polos parafrásticos e polissêmicos (estabilização ou ruptura de uma ordem de sentidos) ao narrar temas sindicais e verificar se esse movimento redunda num estímulo ao perfil autoritário do discurso jornalístico ou introduz a polêmica. Como objetivos específicos, destacamos: estudar o lugar de fala das duas publicações; verificar quais são os sentidos produzidos pelas metáforas sobre temas sindicais nos dois veículos; analisar o funcionamento das metáforas, observando o trânsito dos seus sentidos entre paráfrases e polissemias; e apontar as consequências deste desempenho para o discurso jornalístico: ou estreitamento de numa possível condição autoritária ou instauração da polêmica. Escudados na Análise de Discurso Francesa, a qual foi aplicada a um corpus que compreende um total de 52 reportagens, veiculadas entre julho de 2006 e julho de 2014, conseguimos comprovar que as metáforas não são apenas um simples elemento estético do jornalismo. Os sentidos por elas produzidos promovem dois tipos de funcionamento em ambos os veículos. No primeiro tipo de funcionamento, eles reiteram Famílias Parafrásticas e Formações Discursivas, que já estão presentes em trechos sem metáforas, quais sejam FD1 Discurso Desqualificador (Veja), FD3 Discurso do Sindicalismo Combativo, FD4 Discurso do Sindicalismo Negociador, e FD5 Discurso do Sindicalismo Defensivo (as três últimas da Revista do Brasil). No segundo tipo de funcionamento, eles simplificam o discurso, enquadrando-o em modelos de anunciabilidade. Em Veja, os modelos de anunciabilidade são baseados em terminologias religiosas, agressivas e da área da saúde; na Revista do Brasil, os modelos de anunciabilidade são baseados em terminologias fisiológicas, topográficas e patológicas. Em ambos os casos, constatamos que essa encenação, promovida pela metáfora, engessa o discurso sobre questões sindicais (na grande maioria dos casos), de modo que os movimentos são parafrásticos, o que exacerba a condição autoritária do discurso jornalístico.
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