Atividade de estudo e autonomia no processo de produção da pesquisa
Resumo
Compreendemos que podemos contribuir para a constituição da autonomia na produção da pesquisa a partir de inúmeras experiências desafiadoras que o sujeito pode experienciar nos espaços acadêmicos, especialmente na Pós-graduação em Educação stricto sensu. Desse modo, interessou-nos investigar a produção da atividade de estudo como processo desencadeador da autonomia na pesquisa, a fim de compreender a atividade de estudo como desencadeadora da autonomia na pesquisa no processo de elaboração de dissertações de mestrado e de teses de doutorado. Os objetivos específicos foram: identificar os percursos de desenvolvimento da atividade de estudo durante a elaboração de dissertações e teses; reconhecer quais ações e operações estão implicadas nesse processo de produção da pesquisa e analisar as ações e operações diretamente ligadas no processo da constituição da autonomia para o pesquisador. A abordagem metodológica utilizada foi de natureza qualitativa e desenvolveu-se a partir da abordagem narrativa sociocultural. As colaboradoras para esta pesquisa foram duas estudantes do mestrado e três estudantes do doutorado integrantes do Grupo de Pesquisa e Formação de Professores: Ensino Básico e Superior (GPFOPE), este inserido no Programa de Pós-graduação em Educação stricto sensu da Universidade Federal de Santa Maria. Para subsidiar nossas bases teóricas utilizamos os autores como: Vygostki (1993, 1994, 1995, 1997, 2007, 2010a, 2010b), Leontiev (1978, 1984), Davídov (1987), Davídov e Márkova (1987a, 1987b), Marx (2011) e Kozulin (2002) para o conceito de atividade e atividade de estudo; Kant (1783), Hegel (2010), Schneewind (2009), Castoriadis (1991), Rouanet (s.d.), Rué (2009) Monereo e Pozo (s.d.), Martín (s.d.), Vygotski (1997, 2010) e Davídov e Márkova (1987a, 1987b) para o conceito de autonomia. Como resultados, podemos inferir que essa pesquisa permitiu-nos destacar a possibilidade de entendimento do que seja o processo de produção da pesquisa e a constituição da autonomia durante o desenvolvimento das dissertações e teses, tendo como mote a atividade de pesquisa. A partir da análise das narrativas das colaboradoras emergiram duas categorias: produção da pesquisa e autonomia na pesquisa. De maneira geral as colaboradoras manifestaram que constituição da autonomia é uma construção particular, porém não solitária, visto que necessitam da presença do outro para esse tipo de aprendizagem. Ser um sujeito autônomo significa ser autentico e não é reprodutor do dito do outro. Do processo de constituição da autonomia na pesquisa por meio da experiência da atividade de pesquisa, três tensões se constituíram: necessidade pessoal, profissional e necessidade do campo investigativo; percurso da pesquisa e construção da autonomia; tempo de aprendizagem pessoal e tempo instituído para a pesquisa. De modo geral concluímos que o processo da produção da pesquisa é próprio de cada sujeito. Esta peculiaridade deve ser entendida como uma marca de autoria nos processos de aprender a pesquisa. Portanto, os modos particulares de produzir a pesquisa levam o sujeito a gradativamente construir sua autonomia.