Inclusão de estudantes com deficiência na educação superior: efeitos na docência universitária
Resumo
Esta Tese insere-se na Linha de Pesquisa Educação Especial, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal de Santa Maria. Com o objetivo de tensionar a política de inclusão de estudantes com deficiência na educação superior e compreender os efeitos desse processo na docência universitária, foi orientada pela seguinte questão de estudo: Quais os efeitos da inclusão de estudantes com deficiência na docência universitária? Desta questão, derivaram novas perguntas, quais sejam: Que movimentos relativos à inclusão acontecem na universidade, no presente? Quais os desafios da profissão docente no contexto de inclusão de estudantes com deficiência? Como acontecem os processos de subjetivação docente decorrentes das políticas de inclusão de pessoas com deficiência na educação superior? Quais os efeitos da presença de estudantes com deficiência nas práticas pedagógicas de professores universitários? A motivação pela escolha do tema da pesquisa advém da minha trajetória profissional na educação especial, somada ao desafio de ser professora formadora de futuros docentes, atuante na educação superior, especialmente nos cursos de licenciatura e de formação para o magistério superior. Para este estudo foram entrevistados professores atuantes, ou que atuaram com estudantes com deficiência em diferentes cursos de graduação, em duas universidades de Santa Catarina, localizadas no município de Chapecó - SC. O material empírico gerado por meio de entrevistas narrativas foi examinado pela perspectiva da análise do discurso, amparada em referenciais foucaultianos. Tomei a inclusão como prática política de governamentalidade e que, associada à exclusão, são constituídas também no jogo econômico de um Estado neoliberal. A Tese que desenvolvi é de que a presença de estudantes com deficiência produz efeitos na docência universitária, implicando a forma de ser docente, ou seja, as práticas pedagógicas e a forma de conceber a docência. Os docentes são capturados pelos discursos da inclusão, traduzidos em processos de normalização e efeitos de subjetivação. O encontro com os estudantes com deficiência permite que o professor reflita sobre os discursos inclusivos frequentemente reproduzidos de forma mecânica, como se fosse algo natural, inevitável e necessário. Exercer a docência com o diferente é uma possibilidade para que o profissional de distintas áreas do conhecimento atuante na educação superior descubra que mesmo que domine o conteúdo específico e acumule títulos acadêmicos isso não basta, pois a docência é outra profissão, é o encontro com o novo, com o imprevisível. Em consonância com a perspectiva foucaultiana, e operando com noções de discurso, governamentalidade, normalização e subjetivação, não houve a pretensão de tecer juízos de valor ou apontar o caminho verdadeiro, mas evidenciar os efeitos de verdade criados pelas políticas de inclusão.