A violência doméstica e as dificuldades de aprendizagens em jovens de escolas públicas de ensino médio de Santa Maria/RS
Date
2013-04-12Segundo membro da banca
Schetinger, Maria Rosa Chitolina
Metadata
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Na proposta de investigação buscamos relacionar a violência doméstica
sofrida pelos jovens que cursavam o ensino médio na rede pública estadual no
Município de Santa Maria/RS e possíveis problemas de aprendizagem apresentados
pelos mesmos. O Município é dividido em 6 regiões; em 2006 haviam 21 escolas
estaduais distribuídas nas regiões da cidade, a saber: norte, sul, leste, oeste, centro
e região rural. A definição da amostra para a 1ª fase da pesquisa, foi feita a partir do
levantamento do número de alunos matriculados no ensino médio, disponibilizado
pela 8ª Coordenadoria Regional de Educação de Santa Maria (8ª CRE). Para
acessar aos estudantes nas diferentes regiões do Município, sorteamos 12 escolas
distribuídas nas regiões. A metodologia utilizada foi quanti-qualitativa, com estudo
realizado em três etapas: a aplicação de questionários a 376 jovens que cursavam o
ensino médio no ano de 2009, em uma das 12 escolas estaduais do Município de
Santa Maria, 6 grupos focais com o total de 27 jovens em cada uma das 6 regiões
do Município, realizados em 2010 e 6 reuniões nas 6 regiões do Município, para
devolução de resultados, a 74 professores da rede estadual, no ano de 2011. Dentre
os resultados da 1ª fase da pesquisa, verificamos que o índice de reprovações foi de
56,9%, os motivos apontados pelos jovens para serem reprovados foram
categorizados como dificuldade pessoal (DP), dificuldade de aprendizagem (DA) e
dificuldade na escola (DE), testou-se a associação entre as variáveis: DP, DA e DE
entre as diferentes regiões e encontramos como significativa DP com maior valor na
região do centro (54,6%), isto indica que dificuldades pessoais interferem no nível de
aprovação dos alunos residentes neste local. Houve uma diferença significativa
entre aqueles alunos que sofreram violência com a reprovação, pois destes 66,1%
reprovaram. Confirmando o dado, ao analisar se a violência sofrida pelo estudante
implicaria em dificuldades para o mesmo, verificamos que esta só é significativa para
dificuldades pessoais em 39% dos casos. Constatamos que as dificuldades
apontadas como pessoais foram significativas para a reprovação. Os resultados
apontaram um índice de 22,9% de VD1 assim distribuídos: a VD com índice mais
elevado foi a psicológica, com 13,8%, seguida, da física com 11,7% e a sexual com
0,8%. Na 2ª fase a dos grupos focais realizados, a análise apontou inúmeras
situações relatadas que foram categorizadas conforme os diferentes tipos de
Violência Doméstica (VD), indicando que a violência sofrida pelos jovens, influencia na aprendizagem. Na 3ª fase a análise apontou o distanciamento das famílias em
relação à escola, a sobrecarga dos professores com a demanda dos alunos e
tentativas, quase sempre frustradas, de despertar interesse nos jovens em relação
ao que é ensinado. A violência doméstica mais referida pelos professores foi à
psicológica, com relato de alteração no comportamento de alunos que trazem
prejuízo para a aprendizagem. Destacamos a necessidade de integrar as disciplinas
com o contexto vivido para que o conhecimento tenha sentido na vida dos jovens e
possa contribuir para uma vida mais harmônica evitando situações de violência.