Heredogramas familiares na educação básica: ensino e aprendizagem pela interdisciplinaridade e contextualização do conhecimento
Resumo
Despertar o interesse dos estudantes para os conhecimentos científicos não faz sentido, se não houver a correlação do que é ensinado na escola com a vida e o contexto do aluno. No ensino de Biologia, o tema hereditariedade encontra-se entre os primeiros tópicos dos programas escolares em Genética para o ensino médio. O uso de gráficos, como heredogramas, perpassa e problematiza diferentes conteúdos de heranças humanas. No entanto, esse recurso de ensino e aprendizagem pode, além de ensinar conceitos e procedimentos específicos da Genética, desencadear conhecimentos do contexto histórico-social e cultural dos estudantes. Também merece ser otimizado para despertar atitudes críticas e científicas desde os primeiros anos escolares e não só ao final do ensino médio. Assim, nesta pesquisa, teve-se como objetivo investigar como os heredogramas das famílias dos estudantes podem contribuir no processo de ensino e aprendizagem da hereditariedade e do contexto histórico-social e cultural em diferentes níveis e modalidades de ensino da educação básica. Apresenta uma abordagem qualitativa e qualiquantitativa. Utiliza-se, como instrumento de coleta de dados, a análise documental de materiais didáticos, produzidos pelos estudantes que foram interpretados pela análise de conteúdo. Esta pesquisa se desdobra em cinco capítulos.Os quatro primeiros artigos, de modo geral, acentuam as potencialidades didáticas do estudo dos heredogramas nos diferentes níveis e modalidades da educação básica: dos anos iniciais do ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos. A proposta didática se apresenta como uma possibilidade para qualificar o ensino e aprendizagem das Ciências da Natureza para os anos iniciais. Os resultados demonstram que os heredogramas atuaram como catalisadores de ações educativas contextualizadas e interdisciplinares nos diferentes contextos de ensino. São, dessa forma, recursos capazes de provocar diferentes conhecimentos acerca das ciências e da realidade em estudo e podem ser propostos para diferentes níveis e modalidades de ensino, dependendo do seu enfoque e abrangência conceitual. A pesquisa também sinaliza o uso indevido, em alguns livros e recursos didáticos, do termo heredograma, como sinônimo de genealogia, bem como a analogia, por vezes, controversa de se construir árvores genealógicas nos anos iniciais, para demonstrar o pedigree de um estudante. Esta pesquisa para o ensino de Ciências poderá contribuir para a reflexão dos docentes na busca de propostas pedagógicas que acessem conhecimentos do cotidiano escolar, interpretando-os cientificamente, bem como possibilitar uma maior segurança no uso de terminologias e propostas didáticas, quando se trabalha com dados e registros familiares.