Comportamento ingestivo e produtividade de vacas das raças Jersey e Holandesa em pastagens de azevém anual
Resumo
Foram estudados o comportamento ingestivo, a dinâmica das pastagens e a produtividade de
vacas das raças Jersey e Holandesa em pastagens de azevém anual (Lolium multiflorum) no
noroeste do Rio Grande do Sul. O experimento foi conduzido de 29/04/2010 a 29/10/2010,
sendo utilizadas, no total, onze vacas-testes de cada grupo racial e um número variável de
vacas-reguladoras. Oito vacas de cada grupo racial, duas de cada estágio de lactação, foram
utilizadas nas avaliações do comportamento ingestivo, realizadas em 27/9 e 27/10 e durante
os dois dias de ocupação dos potreiros. Os animais foram manejados em pastoreio rotativo
com lotação variável e receberam concentrado comercial à razão de 1 kg de concentrado para
cada 3 litros de leite produzidos acima de 15 litros/vaca/dia. O manejo das pastagens permitiu
condições de pastejo semelhantes entre as duas raças testadas e se mostrou não limitante à
produção de pasto e dos animais. O critério de suplementação adotado refletiu no
fornecimento de maiores quantidades de concentrado para as vacas da raça Holandesa, que
apresentaram produções individuais de leite, leite corrigido a 4% de gordura e de sólidos
totais superiores às da raça Jersey. As vacas da raça Holandesa foram manejadas com carga
animal superior às da raça Jersey, o que refletiu diretamente em superioridade na produção
animal e no fornecimento de concentrado por unidade de área para a raça Holandesa. Para
cada quilograma de concentrado fornecido individualmente, as vacas da raça Jersey
apresentaram produções individuais superiores às da raça Holandesa, sugerindo vantagens
para a raça Jersey quanto à conversão do suplemento em produto animal e sob o aspecto
econômico. O avanço do período de utilização das pastagens e as alterações estruturais do
dossel forrageiro condicionaram a redução dos tempos de pastejo e o aumento dos de
ruminação, para ambas as raças, mas não alterou o tempo destinado à realização de outras
atividades. Vacas da raça Jersey desprenderam mais tempo em atividades de pastejo e menos
em ruminação que as da raça Holandesa, provavelmente para compensar o menor nível de
suplementação. Apenas na segunda época de avaliação (outubro) foi verificada diferença na
taxa de bocados entre as raças, com superioridade para as vacas da raça Holandesa, e, para
ambas as raças, as vacas de final de lactação desenvolveram maior número de passos entre
estações alimentares que as de início de lactação. Adicionalmente, na raça Holandesa, o
incremento no número de passos entre estações alimentares foi acompanhado pela redução da
altura do sítio de pastejo visitado. Diferenças entre os estágios de lactação foram percebidas
apenas em variáveis que representam escolhas em nível de patch de pastejo (altura do sítio de
pastejo visitado e número de passos entre estações alimentares), indicando que as adaptações
dos animais nos distintos estágios fisiológicos se dão ao nível de deslocamento na pastagem e
realização do bocado.