Uso de resíduos da filetagem de jundiá (Rhamdia quelen) e ácido fítico para elaboração e conservação de embutido cárneo
Resumo
O processamento industrial de filés de pescados gera grande quantidade de resíduos que pode causar sérios problemas ambientais pelo descarte inadequado. Entretanto, na carcaça, após a filetagem, encontram-se músculos de boa qualidade que podem ser utilizados para a alimentação humana. Uma alternativa é a fabricação de carne mecanicamente separada (CMS) ou polpa de pescado para uso no processamento de produtos, como por exemplo, os embutidos. Neste contexto, a fim de viabilizar o aproveitamento de co-produtos da indústria de pescados, e aumentar o valor nutricional de produtos processado, elaborou-se embutido cárneo com diferente teores de polpa de jundiá (Rhamdia quelen). Contudo, visto que a CMS de pescado é altamente deteriorável, estudou-se primeiro a ação antioxidante de diferentes concentrações de ácido fítico sobre filés e polpa do pescado. Foram testadas concentrações de 0,025% e 0,05% de ácido fítico, comparando-as ao efeito do eritorbato de sódio 0,05%. Os resultados demonstram melhor potencial antioxidante do ácido fítico na concentração de 0,05%. Definida essa concentração, com o objetivo de avaliar o efeito da adição de diferentes teores de polpa de pescado tratada com antioxidante natural sobre atributos de composição química, cor e textura instrumental e características sensoriais em embutidos, elaborou-se apresuntados com teores 25, 50, e 75% de polpa de jundiá tratada com ácido fítico 0,05%. A adição de polpa de pescado em diferentes proporções as formulações dos apresuntados exerceu influência sobre a composição centesimal de cada uma. A umidade foi afetada significativamente, apenas a formulação com 25% de polpa não diferiu da controle. Quanto maior o teor de polpa, menor a umidade. Quanto as cinzas, entre as formulações com adição de polpa, apenas a com 50% apresentou diferença significativa e a controle não diferiu das que contém polpa. O teor de
proteína não apresentou diferença significativa entre as formulações. Com exceção da formulação com 50% de polpa a intensidade de cor vermelha diminuiu a conforme o aumento do teor de polpa. A luminosidade não apresentou diferença significativa ao final do período em todas as formulações e na cor amarela, após sessenta dias, as formulações com adição de polpa apresentaram maior intensidade conforme o teor. A análise de textura apresentou diferença significativa entre as formulações apenas para a variável dureza, demonstrando que o aumento do teor de polpa torna o produto menos duro. A análise sensorial não demonstrou diferença significativa para as variáveis de aparência e cor. Quanto ao odor, a preferência diminuiu com o aumento de polpa. O sabor mais aceito foi o da formulação controle. Na textura todas as formulações apresentaram diferença significativa. Para atitude de compra, os melhores valores foram atribuídos a formulação controle, com decréscimo conforme o aumento do teor de polpa. A oxidação e o pH do produto acabado foram avaliados ao longo do período de sessenta dias e demonstraram que a utilização do ácido fítico em embutidos cárneos curados cozidos tipo apresuntado é mais eficaz que o eritorbato de sódio. A partir destes resultados pode-se concluir que a fabricação de apresuntado com substituição de parte da carne suína por polpa de pescado adicionada de ácido fítico é viável por apresentar características aceitáveis ao consumo.