Fibra alimentar a partir de casca de uva: desenvolvimento e incorporação em bolos tipo muffin
Date
2015-01-16Metadata
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Nas indústrias vitivinícolas são geradas grandes quantidades de resíduos sólidos, como o bagaço de uva, os quais são descartados ou subaproveitados. No entanto, representam fontes alternativas de nutrientes, como teores relevantes de fibra alimentar. O presente trabalho teve como objetivo determinar a composição química e propriedades tecnológicas de cascas de uva provenientes da vinificação, antes e após a concentração da fibra alimentar. Adicionalmente, objetivou-se avaliar o efeito da sua inclusão em bolos tipo muffin, nos parâmetros nutricionais, tecnológicos e sensoriais. As cascas das cultivares Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Marselan, Merlot, Pinotage, Pinot Noir, Riesling, Shiraz e Tannat, coletadas em vinícolas do Rio Grande do Sul, na safra 2013/2014 foram avaliadas quanto aos teores de matéria seca (MS), cinzas, proteína bruta, lipídeos, fibra alimentar, capacidade de ligação a cátions, capacidade de ligação à gordura e capacidade de hidratação. A qualidade tecnológica da farinha mista contendo 5, 7,5 e 10% de farinha de casca de uva Riesling ou Tannat foi avaliada e desenvolveram-se muffins ricos em fibra, os quais foram avaliados sensorialmente e nutricionalmente através de sua composição química e tecnologicamente, pela avaliação de cor e textura. Constatou-se alto teor de fibra alimentar nas cascas avaliadas, o qual variou de 37,18 a 67,95% (na MS), destacando-se a fração insolúvel (31,09 a 62,34% na MS). Os teores de minerais e proteínas mostraram-se relevantes principalmente após a concentração da fibra alimentar, variando de 7,63 a 18,60% e 7,40 a 20,21% (na MS), respectivamente. O processo de concentração reduziu o conteúdo lipídico e elevou a capacidade de ligação a cátions das cascas avaliadas. Em relação às demais propriedades tecnológicas, capacidade de hidratação e ligação à gordura, os teores variaram entre 2,03 a 2,96 g água/g MS e 1,25 a 2,24 g óleo/g MS, respectivamente, antes da concentração; após o processo, os níveis mantiveram-se semelhantes. A análise tecnológica da farinha mista revelou diminuição da força de glúten e extensibilidade e aumento na tenacidade, com o aumento nos níveis de inclusão. As formulações de muffins testadas apresentaram aumento no teor de fibra em relação à formulação controle. Adicionalmente, foi observado aumento nos parâmetros de dureza e mastigabilidade e alteração na coloração com o aumento nos níveis de inclusão. As formulações teste apresentaram aceitabilidade satisfatória em todos os atributos sensoriais, exceto para coloração da formulação com inclusão de farinha de casca Tannat, a qual obteve as menores médias. Houve favorável intenção de compra para todas as formulações. O presente trabalho comprovou que as cascas de uva, subprodutos da vinificação, usualmente desperdiçadas, são altamente nutritivas, fonte de fibra alimentar e sua inclusão em muffins proporcionou produtos com qualidade nutricional e sensorialmente aceitos pelos consumidores.