Avaliação em educação especial: tecnologia de governamento no atendimento educacional especializado
Resumo
Este estudo insere-se na Linha de Pesquisa de Educação Especial do Programa de Pós-Graduação em Educação. Tem como questão norteadora compreender quais efeitos dos discursos sobre avaliação são colocados em funcionamento pelo Atendimento Educacional Especializado - AEE, na condução das condutas dos professores do AEE no município de Florianópolis - SC. Tal empreendimento investigativo insere-se em uma abordagem pós-estruturalista, na qual faço uso das lentes foucaultianas, especificamente abordando o conceito ferramenta da governamentalidade. O corpus empírico da pesquisa está composto por dois grupos de materiais: documentos referentes à legislação e relatórios avaliativos dos alunos atendidos e acompanhados no AEE, elaborados pelas professoras do atendimento. Após a análise das legislações, pude compreender que a avaliação é produzida como possibilidade de identificação, investigação e categorização diagnóstica dos sujeitos do desvio e como um mecanismo de controle e regulação da conduta discente pelo professor do AEE, inventando alunos e modos de atuação docente. Em seguida, intentei compreender o modo como a avaliação está operando a condução da conduta docente, por meio da análise de 194 relatórios avaliativos produzidos pelos professores do AEE em Florianópolis. As recorrências discursivas encontradas, indicam três categorias analíticas: Necessidade de diagnosticar/marcar e conhecer: estratégia acionada para se conduzir como docente do AEE , Necessidade de normalizar: as práticas docentes frente ao aluno no AEE e Necessidade de convencimento: A busca pela família como parceira do Estado para o governamento e controle do aluno do desvio na escola inclusiva . Foi possível inferir que a busca pelo diagnóstico coloca em funcionamento a necessidade de normalização como estratégia para a regulação, o disciplinamento e o controle do risco sobre esses sujeitos desviantes da norma. Por fim, temos a materialização de uma relação de mais governo com menos governo‟ para que todos possam estar e permanecer na escola, numa ordem condizente com a racionalidade neoliberal e de seguridade das políticas voltadas à educação, agenciadas com os discursos dos direitos humanos de forma a convencer a todos na mobilização para que a inclusão aconteça.