Indicadores de inclusão na educação infantil e suas implicações na constituição do sujeito
Resumo
Esta dissertação faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação, na Linha de Pesquisa Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rio Grande do Sul. A pesquisa aborda o processo de inclusão na Educação Infantil tendo como referencial teórico a perspectiva histórico-cultural cujo principal representante é Vygotsky. A pesquisa investigou as decorrências das interações entre as crianças com e sem deficiência na constituição destas últimas como sujeito. Visou pontuar elementos que revelem uma postura inclusiva; identificou as concepções que as crianças entrevistadas têm sobre deficiência e apontou indicadores que denotam atitudes inclusivas destas crianças. O lócus da pesquisa foi a Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo, localizada na UFSM e os participantes foram as crianças matriculadas na Instituição entre 2008 e 2012. A pesquisa caracterizou-se como quanti qualitativa, cujos instrumentos para coleta de dados foram a entrevista semi estruturada e a aplicação de questionário sobre os indicadores de inclusão (BOOTH; AINSCOW, 2011). Após foram realizadas duas análises distintas dos dados coletados sendo as entrevistas investigadas através da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2008) e as respostas aos questionários interpretadas a partir de processo estatístico de quantificação. Em primeira análise foi verificado se a Ipê poderia se caracterizar como um espaço institucional que apresentava indicadores de inclusão. A partir dessa análise, buscou-se nas falas das crianças atitudes que indicassem um comportamento colaborativo e menos preconceituoso frente aos colegas com deficiência. Verificou-se que cada criança tinha um conceito de deficiência sendo identificados: doença, diferença e dificuldade. Além disso, todas as crianças manifestaram sua crença no potencial de aprendizagem das crianças com deficiência. Constatou-se também que as crianças apresentam atitudes indicativas de inclusão. Dois aspectos devem ser observados: primeiramente, compreendeu-se que dificilmente as crianças internalizam valores e conhecimento do mesmo modo, pois cada uma tem sua individualidade e singularidade. Em segundo lugar, observaram-se as contradições nas falas das crianças. Mesmo demonstrando atitudes positivas em relação ao colega com deficiência, algumas crianças também expressaram o desconforto diante dessas pessoas. Entende-se que as contradições apresentadas pelas crianças entrevistadas são também vivenciadas pela grande maioria das pessoas adultas, pois conviver com alguém que tenha uma aparência ou comportamento diferente ainda não faz parte da nossa cultura. Defendeu-se o entendimento de que é fundamental que as crianças sejam inseridas cada vez mais cedo em um contexto onde haja valores inclusivos, pois, a partir das interações estabelecidas, possivelmente internalizarão tais valores e, consequentemente, se constituirão sujeitos com comportamentos mais voltados à inclusão. Assim, a partir dos resultados da pesquisa, entendeu-se que a hipótese de um sujeito inclusivo se torna possível a partir do momento em que os valores inclusivos façam parte do contexto onde as crianças pequenas estão interagindo, pois é nessa faixa etária que estão constituindo sua personalidade.