O currículo na educação de jovens e adultos: investigando as significações sociais elaboradas pelo educador
Resumo
Essa pesquisa de pós-graduação está vinculada à linha de Currículo, Ensino e práticas escolares. A mesma está pautada numa dimensão qualitativa e partiu da utilização de entrevistas semi-estruturadas e relatos autobiográficos para o estudo das significações sociais elaboradas pelos professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos. Teve como objetivos buscar através da relação das lembranças
formativas e escolares as concepções de currículo que os professores atuantes em EJA possuem, identificando a influência, ou não, que a formação inicial exerce sobre a concepção de currículo construída pelos professores, a fim de delinear quais as significações sociais que os educadores que trabalham com EJA séries iniciais têm do currículo posto e, de que forma estas influem nas praticas e saberes que
permeiam e são constituídos no cotidiano das salas de aula. Acredito que educar é propiciar instrumentos para que o homem possa interagir na sociedade, de forma atuante e crítica, porém, o modelo educacional que temos não corresponde a isso. O que vemos na maioria de nossas escolas é a manutenção de um ensino fragmentado, formando cérebros passivos, reproduzindo a inconsistência de um
discurso muitas vezes dito diferente cujo principal instrumento de manutenção é o currículo. Busquei discutir a necessidade de um currículo para EJA, que incorpore, além dos componentes oficiais, temas do contexto sócio-cultural dos alunos, respeitando assim as peculiaridades desta modalidade de ensino. Neste sentido, o problema da pesquisa foi: Quais são as significações sociais elaboradas pelas educadoras de EJA sobre o currículo? A partir das entrevistas e relatos
autobiográficos, delineei três categorias para análise das significações instituídas e instituintes, construídas pelas interlocutoras da pesquisa, levando em conta o problema de pesquisa, centrado no currículo da EJA . Em relação às Lembranças de escola e processos formativos procurei delinear o que as educadoras lembram da escola e de seus professores, buscando relações com as suas práticas,
concluindo que as professoras têm instituídas lembranças de uma escola tradicional, voltada para a memorização, mas instituíram como prática uma educação voltada para o letramento. Sobre as Concepções de currículo elaboradas pelas professoras, procurei entender o que elas consideram importante desenvolver nas aulas, sendo que na dimensão instituída a aquisição da leitura e da escrita são considerados conteúdos curriculares fundamentais e como instituinte a necessidade da flexibilização deste currículo, para que o mesmo não seja a transposição do currículo diurno. Em relação aos Saberes da experiência, analisei as falas e
escritas das interlocutoras, buscando a relação do que elas acreditam ser necessário e o que é ensinado efetivamente nas escolas. Verifiquei que as interlocutoras têm consciência dos saberes da experiência, mas não se consideram produtoras destes saberes, onde duas professoras da investigação instituíram a partir da reflexão sobre sua prática o desejo de mudança e valorização dos saberes construídos pelos professores