Currículo integrado e a formação integral de jovens: uma proposta do Instituto Federal Farroupilha campus Santa Rosa
Abstract
A pesquisa abordou questões relacionadas às Políticas Públicas e Práticas Escolares e
seus desdobramentos no campo da educação profissional técnica de nível médio integrada
ao ensino médio, tendo como metodologia o estudo de caso do Curso Técnico em
Edificações Integrado, em oferta no Campus Santa Rosa, uma das unidades de ensino do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IF Farroupilha), do estado
do Rio Grande do Sul. Como técnica de produção dos dados empíricos, um questionário
com perguntas abertas e fechadas foi aplicado aos estudantes. Neste contexto, espaço
estratégico de produção do conhecimento, foi estudado, através da análise documental e
dos questionários, como o currículo integrado vem sendo desenvolvido e quais são as
significações que estão sendo construídas pelos jovens estudantes do curso acerca do
currículo baseado nos pressupostos de formação integral do ser humano. Para essa análise,
considerou-se que o currículo integrado, para chegar à efetiva superação da fragmentação
curricular e da dualidade entre a formação para o trabalho intelectual e formação para o
trabalho braçal, necessita do envolvimento de gestores, professores e estudantes, os quais
são responsáveis por planejar, desenvolver e avaliar o currículo na esfera mais ampla da
coletividade, da cooperação e do diálogo. A pesquisa enfoca as significações produzidas
pelos jovens estudantes acerca da reestruturação do currículo do Curso Técnico em
Edificações Integrado que ocorreu entre 2011 e 2013, que entrou em vigência em 2014,
formando a primeira turma no novo currículo em 2016/2. Pesquisadores como Ciavatta
(2005; 2012), Ramos (2005; 2008; 2012), Frigotto (2005; 2012) são os principais referenciais
teóricos que deram suporte à reestruturação do currículo deste curso. Além desses
pesquisadores, Arroyo (2013), Dayrell (2003; 2007; 2014), entre outros, deram base para a
realização desta pesquisa. A produção dos dados ocorreu em dois momentos: 1) em 2015/2
com os jovens da última turma formanda do currículo antigo; e 2) em 2016/1 com a primeira
turma a formar-se na nova estrutura curricular. Por meio da comparação do olhar dos jovens
estudantes sobre o curso, foi possível perceber a validade e significativa mudança estrutural
no currículo, como também as metodologias aplicadas para minimizar a fragmentação
curricular. Contudo, mais importante que isso, foi reforçada a ideia de que para acontecer de
fato um ensino com os pressupostos do currículo integrado chegando à formação integral do
ser humano é necessário olhar os estudantes como jovens sociais e culturais situados
historicamente, imersos no tempo contemporâneo em que ocorrem mudanças
constantemente. Essas mudanças devem ser percebidas para que as metodologias e
relações no contexto social também mudem. Tanto os jovens do antigo currículo quanto os
do novo currículo reforçam a valorização da humanização das relações na instituição
escolar, ficando claro que quanto maior a proximidade entre conhecimento, professor,
estudante e mundo do trabalho, mais eficaz é a aprendizagem e a formação integral do
jovem.